tag:blogger.com,1999:blog-20542724575321590672024-03-19T05:48:11.810-03:00Política LegalAnalisando a política brasileiraAdriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.comBlogger40125tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-23862144232728879362023-07-22T10:58:00.003-03:002023-07-22T11:18:44.960-03:00Nazismo, neoliberalismo e bolsonarismoEm seu livro <i>Sociedade Ingovernável</i>, entre outras conexões, Grégoiri Chamayou mostra a ligação intelectual entre Hayek, Von Mises e Schumpeter, criadores europeus do <b>neoliberalismo</b>, e Carl Schmitt, que apoia o <b>nazismo</b>.<br /><br />Embora os pais do neoliberalismo tentassem dissociar suas posições do fascismo e do nazismo, admitiam o acerto de algumas das teses de Schmitt.<br /><br />Nesse sentido, propunham um <b>Estado</b>:<div><ul style="text-align: left;"><li><b>autoritário nas relações sociais</b> para calar os trabalhadores e demais inimigos do mercado; </li><li><b>ausente, ou "meramente" regulador, nas relações econômicas</b> para defender os interesses dos grandes empresários ("livre iniciativa e concorrência").</li></ul>Ainda na década de 1930, autores com posições diferentes como Heller e Marcuse desmascararam as falsas intenções: nazismo e neoliberalismo derivam de um mesmo movimento de combate ao Estado Social e aos trabalhadores.<br /><br />Guardados os distanciamentos histórico e geográfico, o bolsonarismo é um novo passo desse movimento. Embora padecendo da falta de pessoas com a mesma inteligência dos pensadores neoliberais, articulou setores da sociedade brasileira em torno da perspectiva de um Estado forte contra os "inimigos" e ausente na economia (Lei da Liberdade Econômica).</div><div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxqO_wJ68cdYccK_0tSHXPBJOlV-qMIb7MuEvhN94C1O7ntJFmtiLaj_xR66kLbU59CWqsAYc13D2pWHyV5SId4CaDPWlsL6XUULIi05TLDg35VnSvLQpqva589sTC8aFyZUqAmqL_eONDd_gtKH0CTvxnmo8ZetSd5WuteYlrJ0e5uptHH__O9oIsPxAS/s1080/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxqO_wJ68cdYccK_0tSHXPBJOlV-qMIb7MuEvhN94C1O7ntJFmtiLaj_xR66kLbU59CWqsAYc13D2pWHyV5SId4CaDPWlsL6XUULIi05TLDg35VnSvLQpqva589sTC8aFyZUqAmqL_eONDd_gtKH0CTvxnmo8ZetSd5WuteYlrJ0e5uptHH__O9oIsPxAS/w200-h200/1.jpg" width="200" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>Claro, seja no caso brasileiro, seja no caso europeu ou americano, há uma terceira característica do Estado Neoliberal que é silenciada: tolerante com os "amigos". É o Estado da austeridade nos gastos sociais e da benevolência na redução de tributos que incidem sobre os mais ricos. É o Estado das reformas trabalhista e previdenciária que reserva bilhões no orçamento secreto para distribuir entre deputados apoiadores.</div><div><br /></div><div><div>O cerne da <b>ligação entre bolsonarismo, neoliberalismo e nazismo</b> está na perspectiva de que a economia de mercado é equilibrada e promove a prosperidade social, não devendo sofrer intervenções redistributivas pelo Estado. </div><div><br /></div><div>Assim, ao não se admitir que a economia de mercado é a economia das crises e das tensões, por ser irracional, a <b>perspectiva autoritária</b> <b>defende que as instabilidades decorrem de causas externas que precisam ser combatidas por um Estado forte</b>.</div><div><br /></div><div>O grande problema da sociedade, para essa perspectiva autoritária, não está na má distribuição das riquezas econômicas ou na gestão privada dos recursos, mas na política estatal, nas opiniões, nas crenças religiosas, nas sexualidades e nas etnias. Ou seja, se uma pessoa nasce miserável e morre de fome, não importa; mas se ela não corresponde a um estereótipo familiar, religioso e racial, isso incomoda.</div></div>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-79498368901991465642023-07-04T11:04:00.003-03:002023-07-04T11:04:19.997-03:00A democracia é um conceito absoluto?Três dos maiores jornais do Brasil dedicaram seus editoriais a problematizar o caráter absoluto ou relativo da democracia, a partir de fala do Presidente Lula (Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e O Globo). Não vou entrar no mérito se a Venezuela é um país autocrático ou democrático. Nem se a fala é correta ou incorreta quanto a este país.<div><br /></div><div>Minha análise é abstrata, no sentido da teoria política: a democracia é um conceito relativo ou absoluto? Leio a questão da seguinte forma: existem vários graus de democracia e várias possibilidades de definição, fazendo do conceito algo relativo, ou há um núcleo de características únicas que fazem da democracia um conceito absoluto, não podendo ser "relativizado"?</div><div><br /></div><div><div>Para uma vertente dos teóricos, a democracia seria um conceito absoluto, seguindo a análise de Robert Dahl. Um Estado seria democrático se preenchesse todos os requisitos elencados pelo estudioso, deixando de ser caso não o fizesse. </div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLdSRKpRjP01YtpqhorlWVoNBBgTlivI4l158CBz0BFTz3vt8fY7WHPmaqWb63En_T7osq9mvGH_x8AlVxOUwX87VZ68mPPomiwWA-aXudIzk6HuwiVYqbeu5KxYUBErDLRf0i8K7zYyjw-qFysI0uy3aZCsb9FtaS-YqyuHEUnSoQ7LfTUfzLcOQXN0Ku/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLdSRKpRjP01YtpqhorlWVoNBBgTlivI4l158CBz0BFTz3vt8fY7WHPmaqWb63En_T7osq9mvGH_x8AlVxOUwX87VZ68mPPomiwWA-aXudIzk6HuwiVYqbeu5KxYUBErDLRf0i8K7zYyjw-qFysI0uy3aZCsb9FtaS-YqyuHEUnSoQ7LfTUfzLcOQXN0Ku/s320/1.png" width="320" /></a></div><br /><div>Para um Estado ser democrático, deveria ter:</div><div><ol style="text-align: left;"><li>Políticos eleitos e com responsabilidade constitucional de decidir;</li><li>Eleições livres e periódicas;</li><li>Voto universal;</li><li>Elegibilidade universal;</li><li>Liberdade de expressão política;</li><li>Acesso a fontes de informação não monopolizadas pelo governo ou por grupos privados;</li><li>Direito de associação.</li></ol><div>Mas o conceito de democracia é relativizado a partir do momento em que se oculta o pressuposto autoritário da construção acima: ela não toca no problema da economia e de sua organização política. Grégoire Chamayou, no excelente livro <i>A sociedade ingovernável</i>, desnuda o processo histórico conduzido pelas grandes corporações de esvaziamento político do conceito de empresa permitindo, contraditoriamente, a ampliação de sua governabilidade institucional.</div></div></div><div><br /></div><div>Em outras palavras, a política não ocorre apenas no Estado, mas no dia a dia da economia. Para um cidadão participar ativamente das decisões que interferem em seu futuro, ele precisa votar e escolher o Presidente da empresa em que trabalha. Além disso, deve haver mecanismos internos que garantam a liberdade de expressão de todos os trabalhadores, criticando os gestores sem serem demitidos, bem como a garantia de acesso à informação, para que todos saibam as razões das decisões tomadas dentro da empresa.</div><div><br /></div><div>Quando ampliamos o conceito de política para alcançar a economia, percebemos o quão relativo é o conceito "absoluto" de democracia. Ou seja, mesmo que todos os requisitos exigidos do Estado sejam cumpridos, o país poderá ser autoritário em seu dia a dia, com empresas governadas por gestores não escolhidos democraticamente pelos trabalhadores.</div><div><br /></div><div>Gostaria que os três jornais citados fizessem eleições livres, periódicas, com voto universal, permitindo a qualquer um ser candidato, garantindo o direito à crítica e ao acesso às informações gerenciais da empresa, para a escolha de seus gestores mais altos. Somente depois disso poderão falar em caráter absoluto da democracia. Até lá, convivam com minha crítica: vocês são órgãos autoritários de imprensa.</div>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-12737836992114996422023-07-02T19:41:00.002-03:002023-07-02T19:41:43.827-03:00Em tese, todos deveriam ser elegíveis<p>A palavra "elegível" significa, no contexto da política, "aquele em quem se pode votar". Só quem é elegível pode se candidatar em uma eleição e receber votos.</p><p>Consultando o dicionário Houaiss, descobri que na origem latina do verbete, há um limite no significado da palavra: nem tudo ou todos podem ser escolhidos em uma eleição. Literalmente, o significado latino de elegível é: "que pode ser escolhido, que merece ser escolhido". </p><p>Assim, só aquilo ou aquele que "mereça" pode receber votos ou ser escolhido, tornando-se elegível. Algo ou alguém que "não mereça", não pode receber votos, sendo inelegível.</p><p>Portanto, para alguém ser elegível deve, antes de tudo, ter méritos ("merecer"). Nesse sentido, o Tribunal Superior Eleitoral, numa decisão juridicamente irrepreensível, considerou que o ex-Presidente Jair Bolsonaro não tem méritos para ser eleito, tornando-o inelegível.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLqDLFMEZf26T28K7ECoLWj3-T4-qn8t2XillxVyFY5H4_382OC8CYTOtxMTFxZhPHL5jMe2Ns5tXkr1WTvRKTaKdMFyozm3fB1fqrXovfuemN_7fLiVQ2TawpYTRTwTXNukhc8-C-OSGd_02o3Rf1r2CIjfQEcTJgjxtJ8ZKEkSh8hqstHKOIryWZHDe8/s1080/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLqDLFMEZf26T28K7ECoLWj3-T4-qn8t2XillxVyFY5H4_382OC8CYTOtxMTFxZhPHL5jMe2Ns5tXkr1WTvRKTaKdMFyozm3fB1fqrXovfuemN_7fLiVQ2TawpYTRTwTXNukhc8-C-OSGd_02o3Rf1r2CIjfQEcTJgjxtJ8ZKEkSh8hqstHKOIryWZHDe8/s320/1.jpg" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p><p>Em 2018, por seu turno, o mesmo Tribunal Superior Eleitoral indeferiu a candidatura de nosso atual Presidente Lula, considerando-o sem méritos e, portanto, inelegível. Nesse caso, a argumentação jurídica não tinha a mesma consistência da atual, a tal ponto de a tese ser derrubada em 2022.</p><p>Porém, não quero entrar no mérito jurídico das decisões. Quero questionar a própria etimologia da palavra em um sentido democrático. E fazer rápida reflexão puramente abstrata: não faz sentido uma restrição prévia de elegibilidade em democracias.</p><p>Falando em outras palavras: se o fundamento da democracia é a soberania popular e o momento de uma eleição majoritária, sobretudo em nível nacional, é um momento de manifestação da vontade da população, então todos deveriam ter o direito de disputar, sendo previamente considerados elegíveis.</p><p>Numa eleição presidencial como a brasileira, por exemplo, qualquer pessoa deveria ter o direito de se candidatar, seja honesto, desonesto, trabalhador, preguiçoso, criminoso... O povo brasileiro decidiria quem é elegível ou não, simplesmente votando em seu escolhido.</p><p>Se o povo considerasse algum candidato inelegível, não votaria nele. Assim, na democracia, a inelegibilidade funciona <i>a posteriori</i>, somente depois do pleito. Não deveria haver inelegibilidade preventiva, antes da eleição.</p><p>Dito isso, indico que não enfrentei o maior problema no caso do ex-Presidente Jair Bolsonaro: seu real intuito é abolir o direito ao voto e a democracia. Poderia o povo escolher um candidato que tentou (manipulando digitalmente seguidores) dar Golpe de Estado e se tornar ditador? Ou seja, o povo tem o direito de abrir mão de sua soberania?</p><p>Por fim, deixo claro que, reflexões à parte, politicamente prefiro que Lula seja o Presidente e Bolsonaro fique inelegível.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-19852994249954827532023-06-25T20:50:00.003-03:002023-06-25T20:50:52.635-03:00Os perigos do desgoverno globalNuma era de comunicação global instantânea, de avanços tecnológicos no transporte de cargas e passageiros, de conexão mundial em redes e rotas comerciais, ainda padecemos de problemas dos mais remotos tempos, como a miséria e as guerras.<div><br /></div><div>Infelizmente, essa mesma tecnologia que diminuiu as distâncias e uniu todos os continentes também ameaça dar ares finais aos movimentos bélicos, deixando sempre no horizonte o temor de nossa autodestruição atômica.</div><div><br /></div><div>Olhando para o planeta, vemos todos os males causados pela falta da política estrutural. Ao deixarmos o mundo entregue às articulações nacionais e aos interesses do mercado, sufocamos ante questões criadas pela ganância, pela ambição e pelo ódio.</div><div><br /></div><div>Não conseguimos consolidar mecanismos de atendimento às necessidades básicas da humanidade: alimentação, moradia, saúde, educação e transporte. Regiões inteiras ainda sofrem males desnecessários, que poderiam ser superados com um mínimo de organização e boa vontade.</div><div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgbtUHyoxR-_niSnvU1J_IyEFfeBFW8KKmJeab6-YuC1hANF_Hj-ScTjxugHSMRSZfAx0dQ8IRuwj65X81-HYnsd74YtHDtL4PagD9Gi89aLmheKo3t3G_rcikp2znyud8udc-3KEKQFFxlKzjlcT7-9fBMIOI3tcpurwoc4pWAbOR1UBK3yGOiVHs2tPOw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgbtUHyoxR-_niSnvU1J_IyEFfeBFW8KKmJeab6-YuC1hANF_Hj-ScTjxugHSMRSZfAx0dQ8IRuwj65X81-HYnsd74YtHDtL4PagD9Gi89aLmheKo3t3G_rcikp2znyud8udc-3KEKQFFxlKzjlcT7-9fBMIOI3tcpurwoc4pWAbOR1UBK3yGOiVHs2tPOw" width="240" /></a></div><br />Sob o pretexto de liberdade econômica, condenamos populações inteiras a condições inadmissíveis de vida. Migrantes movidos pelo desespero ou pelo medo cruzam continentes em busca de um sonho que nunca se concretizará. Enquanto isso, mentes inferiores espalham o preconceito e instigam a violência.</div><div><br /></div><div>As condições ambientais de nossa Terra degradam-se explicitamente, mas o negacionismo tenta silenciar os críticos. Em pouco tempo atingiremos um patamar irreversível de destruição, com consequências imprevisíveis para o futuro da vida. </div><div><br /></div><div>Nada parece o bastante para evidenciar que as grandes empresas e os líderes nacionais são coniventes com a situação criada. Ainda que por vezes os Estados nacionais possam ser alvejados pelos movimentos de protesto, raramente as grandes empresas o são. Bigtechs, empresas petrolíferas, instituições financeiras deveriam ser cerceadas por um governo superior que buscasse a construção de um planeta melhor.</div><div><br /></div><div>A tecnologia que pode nos destruir também pode nos salvar. Algoritmos precisam ser socializados e programados para encontrar os melhores caminhos para solucionar problemas da humanidade. Os Estados nacionais precisam ser articulados numa rede global de respeito, tolerância e busca da efetivação dos direitos sociais. Precisamos dar o passo no sentido certo. Não podemos prosseguir cambaleando e andando a esmo, conduzidos pela concorrência econômica.</div>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-28793200552233377342023-06-04T23:09:00.003-03:002023-06-04T23:09:54.572-03:00Democracia e economia - qual é a da Folha de S.Paulo?<p>O jornal Folha de S.Paulo publicou um editorial denominado "Democracia e economia" em sua capa (edição de 04/06/2023), manifestando a visão do órgão sobre dois aspectos da sociedade brasileira: a política e a economia.</p><p>Em sua opinião, o retrocesso econômico do Governo Lula é um problema, mas a normalidade institucional readquirida, o respeito do Governo à crítica e o diálogo entre os Poderes seriam mais importantes. Nas palavras do jornal, "a soberania das urnas e a alternância de poder" compensariam a má política econômica, pois o Governo Lula seria substituído por outro se seguir nesse compasso.</p><p>Sem discordar que a democracia seja mais importante do que a economia, precisamos, contudo, explicitar o caráter ideológico e limitado da perspectiva econômica da Folha. O jornal assume ponto de vista entre o liberal e o neoliberal sem dizer expressamente. </p><p>Questiona aquilo o que chama de "hipertrofia estatal como meio de resolução de conflitos e carências", levando ao aumento do gasto público, descontrole da inflação e impedindo o crescimento em "bases duradouras". Os novos limites orçamentários seriam "débeis", haveria "arrocho desmesurado da carga tributária ou nova escalada do endividamento", sufocando investimento e emprego.</p><p>Lula é chamado de "estatizante, corporativista e clientelista" por questionar privatizações (Eletrobrás, marco legal do saneamento) e conceder subsídios a empresas "concentradoras de renda e geradoras de ineficiência".</p><p>Todas as críticas acima são apresentadas a partir de algumas concepções ocultas, não mencionadas, pois consideradas verdades universais irrefutáveis e, até, naturais. Infelizmente, são apenas opiniões desprovidas de fundamento científico e de base concreta nas experiências históricas.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizLEuaerl2pIcSYBN3Eq7eEJHiSvsT2Zb48c4BzbOaRxStig4N9qyjRS5id6tSy_lOsEsjOccNgXA3d09k1rdJiPUC7w2eM2bgqgGO_RWZyZG_UGmsbxKkqAIVqjFJTAolZ-6aGc7lEgHAwbS0LV98UDT8g-4ab-1ggpaTsl0SEE_MfIN9UQSN27suGw/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizLEuaerl2pIcSYBN3Eq7eEJHiSvsT2Zb48c4BzbOaRxStig4N9qyjRS5id6tSy_lOsEsjOccNgXA3d09k1rdJiPUC7w2eM2bgqgGO_RWZyZG_UGmsbxKkqAIVqjFJTAolZ-6aGc7lEgHAwbS0LV98UDT8g-4ab-1ggpaTsl0SEE_MfIN9UQSN27suGw/w200-h200/1.png" width="200" /></a></div><p>A economia é o espaço social em que bens são produzidos e distribuídos e serviços são prestados. Nessa esfera, força de trabalho, tecnologia e matéria-prima se articulam para garantir que as necessidades vitais sejam satisfeitas.</p><p>Uma economia pode ser organizada de vários modos. Há séculos convencionou-se, de modo ideológico, que a melhor ou única forma de organização eficiente seria o "mercado". Assim, por meio de trocas, recurso à moeda, respeito à concorrência, à livre iniciativa e à lei da oferta e da procura, o mercado traria o pleno desenvolvimento da tecnologia e a distribuição de trabalho de forma justa e equitativa.</p><p>Nessa perspectiva, o Estado é visto como uma instância que depende do excedente econômico para tratar de questões políticas e jurídicas, retirando riqueza da economia. Por ser ineficiente, essa riqueza é perdida, pois seria melhor aplicada se continuasse na economia, propiciando sua expansão.</p><p>Ocorre, todavia, que o mercado não é nada disso. O caso brasileiro (mas também de países centrais) revela que o mercado é palco da atuação de poucos, normalmente com riquezas familiares, sem méritos humanos ou sociais, preocupados apenas com o aumento do próprio capital. Não há eficiência nas empresas, tampouco respeito à meritocracia, falácia disseminada entre os favorecidos pelo sistema.</p><p>O mercado gera enorme desperdício de matéria-prima, conduzindo o planeta à catástrofe ambiental. Além disso, os recursos tecnológicos são dirigidos para benefício de empresas privadas, causando estragos na humanidade. Um grande exemplo disso é a utilização de algoritmos por redes sociais, ou a corrida pela inteligência artificial generativa. Por fim, a força de trabalho é precarizada, humilhada e forçada a uma jornada desumana, num ciclo de corte de custos e redução de salários.</p><p>Deixar o mercado decidir o que fazer com a força de trabalho, com a matéria-prima e com a tecnologia é a pior decisão política que podemos tomar. A questão não é tamanho do PIB, mas sobrevivência, dignidade e felicidade da humanidade.</p><p>Assim, o jornal Folha de S.Paulo silencia sobre o essencial. Não que o Governo Lula vá acabar com o mercado. Não, longe disso. Vai estimular o crescimento do mercado com intervenção estatal. Infelizmente.</p><p>O jornal Folha de S.Paulo, contraditoriamente, ao silenciar sobre o essencial, ou seja, o caráter perverso do mercado e sua insustentabilidade nessa virada para o segundo quarto do século XXI, contribui para o fortalecimento daquilo o que quer combater: o discurso autoritário.</p><p>Uma das razões para o sucesso do discurso autoritário de direita é o fracasso da retórica de esquerda em demonstrar as mazelas causadas pelo mercado. Ao associar-se ao neoliberalismo progressista, a esquerda deixa de lutar contra o mercado e passa a querer domesticá-lo, como faz o Governo Lula. </p><p>Mas as massas que aderem à direita não engolem mais essa estratégia e anseiam por uma superação imediata das injustiças e das arbitrariedades. Como a esquerda não explicita as conexões com o mercado, o foco é desviado pelo discurso religioso conservador e perspectivas preconceituosas tradicionalistas.</p><p>Se a Folha continuar nessa toada, não verá a tão almejada alternância de governo daqui a duas eleições.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-76709651748592555012023-02-04T17:44:00.000-03:002023-02-04T17:44:46.018-03:00Política enclausuradaPodemos considerar a Política como o processo pelo qual uma sociedade discute seus problemas e estabelece formas de agir para resolvê-los.<div><br />Alguns desses problemas são perenes, como a produção de alimentos, o saneamento básico, a construção e manutenção de moradias, ou a prestação de serviços de transporte, saúde e educação.</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8Eo33bi6ZWDN1bCAeqHIC8cYHCpzKx6s3bDm8_2NL-xY4jDfqO41CiHPND5z4__GbbLu4knaFKTlIzzDfuX5b_Ecme95H_sLL_j2J7t2yteXZniZSl8aAY57zoXRY_5y8Lo8-vgzlINEbVeAqAmsJzncheKOWlLCvUEFgdN7flGfYl1LnDRFpCpfvAg/s1024/AdrAF_Muzzled_Brazilian_politics_shattered_citizenship_miserabl_b4de951c-830e-4cb9-bc88-7db80b6849d8.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8Eo33bi6ZWDN1bCAeqHIC8cYHCpzKx6s3bDm8_2NL-xY4jDfqO41CiHPND5z4__GbbLu4knaFKTlIzzDfuX5b_Ecme95H_sLL_j2J7t2yteXZniZSl8aAY57zoXRY_5y8Lo8-vgzlINEbVeAqAmsJzncheKOWlLCvUEFgdN7flGfYl1LnDRFpCpfvAg/w200-h200/AdrAF_Muzzled_Brazilian_politics_shattered_citizenship_miserabl_b4de951c-830e-4cb9-bc88-7db80b6849d8.png" width="200" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div>Outros problemas são pontuais, podem surgir em virtude de condições naturais (chuva, seca, epidemia...) ou sociais (envelhecimento da população, crescimento demográfico...).</div><div><br />Também a Política é o processo de discussão social do futuro e de formas de desenvolvimento para se chegar a ele.</div><div><br />Por ser um processo complexo, que envolve a discussão e a ação sociais, a Política está sujeita a limites que podem decorrer de questões tecnológicas, de recursos naturais ou da estrutura social.</div><div><br />No caso do Brasil, no início de 2023, a Política encontra-se excessivamente limitada em virtude de nossa estrutura social e das ideologias por ela produzidas.</div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsvX2ee1unvdEhDvP576w-NNQnruOaixeCFfsTpAHRfTL2Ycq7stlzXb2EyvCsacS-L2zhl-wHWQK2vTfUjnIZlIoz8phG4MBWpkuGVDzH9NutMYPWQFWM_moQvVfjwU9_inpMjVm5YlUMqUUKveUMIXSGHPOBsED_uMWGBjrb-Q3GFq3kBlKmk4Xe4A/s2048/AdrAF_Muzzled_Brazilian_politics_shattered_citizenship_miserabl_232ff880-5eeb-47c8-9459-e1ed5faea45e.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="2048" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsvX2ee1unvdEhDvP576w-NNQnruOaixeCFfsTpAHRfTL2Ycq7stlzXb2EyvCsacS-L2zhl-wHWQK2vTfUjnIZlIoz8phG4MBWpkuGVDzH9NutMYPWQFWM_moQvVfjwU9_inpMjVm5YlUMqUUKveUMIXSGHPOBsED_uMWGBjrb-Q3GFq3kBlKmk4Xe4A/w200-h200/AdrAF_Muzzled_Brazilian_politics_shattered_citizenship_miserabl_232ff880-5eeb-47c8-9459-e1ed5faea45e.png" width="200" /></a></div><div><br /></div><div>Isso significa que a discussão e a ação políticas poderiam ser muito mais amplas e efetivas do que realmente são. O Estado brasileiro, não fossem esses limites, poderia promover debates democráticos para definir seus rumos envolvendo parcela maior da população e poderia agir beneficiando mais gente.</div><div><br />Sem ser exaustivo, posso citar alguns desses limites que tolhem a capacidade de agir da Política brasileira:</div><div><ul style="text-align: left;"><li>A maior limitação ao processo de discussão e de ação políticas decorre da ideologia neoliberal, preconizando que a economia não pode ser planejada pela sociedade mas deve obedecer às leis de mercado, como oferta e procura e concorrência;</li><li>No caso especificamente brasileiro do presente, a crença de que todo o campo democrático precisa se unir contra a extrema direita impede o alargamento das propostas políticas e o aprofundamento de medidas que corrijam as injustiças sociais, reduzindo a Política ao jogo de distribuição de cargos e apoios para formar coalizões.</li></ul><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxRJBNLe_RG7Dh8znIm4l2k8rzcHHr0F9SlbBt77Gx1RcMVwQ-rVwLgv3-jMmuZM7SsIuA6Q7CxaY6IVVv7iWlT52r2HQstpZD7MOjjctd7uQlJOuw_aGSvFpsjx2OAwaZWaw5_a13RAa2gBTzbcMvYReFjOXR_DpzdDdvGrloxFQZZE0pf-wEJxye6Q/s1024/AdrAF_Muzzled_Brazilian_politics_shattered_citizenship_miserabl_225f3b10-3227-4733-a820-a087151fd130.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxRJBNLe_RG7Dh8znIm4l2k8rzcHHr0F9SlbBt77Gx1RcMVwQ-rVwLgv3-jMmuZM7SsIuA6Q7CxaY6IVVv7iWlT52r2HQstpZD7MOjjctd7uQlJOuw_aGSvFpsjx2OAwaZWaw5_a13RAa2gBTzbcMvYReFjOXR_DpzdDdvGrloxFQZZE0pf-wEJxye6Q/w200-h200/AdrAF_Muzzled_Brazilian_politics_shattered_citizenship_miserabl_225f3b10-3227-4733-a820-a087151fd130.png" width="200" /></a></div><div><br /></div>Além dos dois limites citados acima, podemos citar ainda:</div><div><ul style="text-align: left;"><li>O controle exercido pela mída tradicional e pelas empresas digitais de tecnologia sobre o espaço público das discussões impede a formação de uma opinião pública mais complexa e democrática, esvaziando a reflexão e transformando os partidos políticos em partidos digitais que arregimentam "seguidores";</li><li>O projeto de poder de grupos religiosos envolve o controle do pensamento de fiéis por meio de uma lógica tradicionalista e a ocupação dos três Poderes do Estado, neutralizando ações políticas de transformação social.</li></ul><div><br /></div>A Política brasileira não mostra sinais de que possa sair de seu enclausuramento e promover uma transformação social mais profunda.</div>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-72234160966650185062022-11-29T21:01:00.000-03:002022-11-29T21:01:54.909-03:00O que vai acontecer no Governo Lula?<p>Seja pelo momento, seja pelo perfil político da bolha progressista que deve voltar ao poder em 2023, podemos imaginar o curso em que seguirá o terceiro Governo Lula.</p><p>O primeiro passo será consolidar o controle do poder ameaçado pelos jagunços digitais da bolha tradicionalista. Para tanto, algumas alianças serão feitas e poucos movimentos ousados serão tentados.</p><p>Os coronéis esclarecidos retomarão seu cotidiano violento de gerir os espaços públicos com citações em língua estrangeira, camuflando suas posições de beneficiários do sistema com o velho discurso liberal. O bacharelismo voltará, tentando impor sua "ciência" aos "incultos".</p><p>Haverá um incentivo ao capitalismo hipócrita, estilo ESG, preconizando-se a preocupação com "stakeholders" enquanto se impõe a lógica do desempenho precarizado à maioria dos obsoletos trabalhadores e não se toca no tema distribuição de riquezas.</p><p>Se houver alguma proteção contra a destruição ambiental, haverá, por outro lado, a invenção e a utilização de formas mais modernas para degradar o planeta.</p><p>Graças às necessárias políticas de renda mínima, a projetos educacionais e a outros programas sociais, a desigualdade social cairá um pouco. Novos grupos ascenderão para esbarrar nos estreitos limites de nossa economia, cujo sinal amarelo acenderá ante a menor ameaça de mudança estrutural.</p><p>Os limites do consumismo incentivado pelo microcrédito serão testados, ampliando ainda mais o endividamento privado das famílias. O ópio das compras será neutralizado pelo desespero das dívidas.</p><p>A reindustrialização esbarrará no desinteresse das elites agrária e financeira, bem como na falta de capacitação da mão de obra. O investimento da indústria digital poderá ser um caminho, mas as bolhas podem estourar.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg5NPTkTukNzkZK3fXuT5uS5u1hSZmuF0e7iHP1-DcwLlCi5hfT0DJcit0gFnDIS2hk9QABganHMCclbdNwSbNZtrJTuJ1N2rcK5-CZfGqbbc0_Piwtz0dvWiSstrHx4d-fvxSujP8F3iM6wgo4kwGERsbI-2XpsXnagUN_80SqZZ8hZcWS-XvIF9vRow" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg5NPTkTukNzkZK3fXuT5uS5u1hSZmuF0e7iHP1-DcwLlCi5hfT0DJcit0gFnDIS2hk9QABganHMCclbdNwSbNZtrJTuJ1N2rcK5-CZfGqbbc0_Piwtz0dvWiSstrHx4d-fvxSujP8F3iM6wgo4kwGERsbI-2XpsXnagUN_80SqZZ8hZcWS-XvIF9vRow" width="240" /></a></div><br />Caso a saúde de Lula não permita disputar a reeleição, sua sucessão será tema recorrente a partir do terceiro ano de mandato. Coronéis esclarecidos disputarão à tapa o posto, abrindo espaço para o retorno da jagunçada digital.<p></p><p>O grande projeto petista a ser tentado, novamente, será da transformação lenta e gradual da sociedade brasileira, diminuindo a desigualdade a conta-gotas.</p><p>Todavia, esse processo precisará, primeiro, recuperar o terreno perdido desde a derrubada de Dilma, quando começa o retrocesso social. Depois, caso consiga recuperar, a marcha rumo à igualdade precisará ser longa e contínua, podendo esbarrar na falta de sucessor a Lula.</p><p>Mesmo que haja esse(a) sucessor(a), os coronéis não esclarecidos (e mesmo os esclarecidos) costumam ficar arrepiados ante a ameaça de perderem seus benefícios injustos de nossa sociedade horrorosa. Formar-se-á nova aliança que retomará a marcha destrutiva do bolsonarismo, encerrando outro ciclo lulista. </p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-34250626980300487252022-11-09T16:50:00.000-03:002022-11-09T16:50:07.310-03:00O resultado da eleição norteamericana é um alerta<p>Ao contrário de muitos, <b>discordo que o resultado das eleições norteamericanas de 8/11/22 tenha sido ruim para os Republicanos</b> ou para o Trumpismo em si.</p><p>Precisamos considerar que Trump saiu há quase dois anos da Presidência, deixou o centro dos holofotes da bolha progressista encabeçada pelo NY Times e outros órgãos de imprensa, mas continuou tão relevante a ponto de impor uma derrota nas urnas ao partido Democrata e ao atual Presidente, Biden.</p><p>Mesmo que haja um empate em 50 Senadores progressistas e 50 Senadores Republicanos, precisamos lembrar que o voto de desempate é do vice-Presidente. Ou seja, quem levar a Presidência leva a maioria da Casa.</p><p>Ainda que a representação Republicana na Câmara dos Deputados seja menor do que a esperada, tende a ser majoritária (escrevo antes do término da apuração e há a possibilidade remota de maioria democrata). O controle dessa Casa dará ampla margem de ação se o partido reconquistar a Presidência.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJc6lmAXopbjDbHjtxXgq0jBar5fTD5LNjmHxtIcH_H4wteLDItYt1QVc1WR7xhLEkFauZWJhONAK9fqgzVar34RfXlb-o-SfT9s5P8XnEGuYdZaHybGsL4x2r3IeEqprJ63lOBXDgIdnG1D_mr3N7VMY8ma4TsAiQKXBDdmJLOSoXaqQycltlIruDsw/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJc6lmAXopbjDbHjtxXgq0jBar5fTD5LNjmHxtIcH_H4wteLDItYt1QVc1WR7xhLEkFauZWJhONAK9fqgzVar34RfXlb-o-SfT9s5P8XnEGuYdZaHybGsL4x2r3IeEqprJ63lOBXDgIdnG1D_mr3N7VMY8ma4TsAiQKXBDdmJLOSoXaqQycltlIruDsw/s320/1.png" width="320" /></a></div><br /><p>Reputo que Biden faz um governo um pouco acima das expectativas. Implementa projetos sociais, socorre os mais pobres, investe em infraestrutura e tenta promover o crescimento do país. Ou seja, faz tudo como parece que Lula fará por aqui.</p><p>Todavia, <b>um governo "correto" não bastou para conter ou eliminar as ameaças antidemocráticas do Trumpismo</b>. Ao contrário, elas seguem fortes e ligeiramente majoritárias na eleição.</p><p>Este é <b>o sinal de alerta para cá, relativamente ao Bolsonarismo</b>.</p><p>Fica a convicção de que esses fenômenos de massa com ideais de extrema direita decorrem de problemas estruturais que não são solucionáveis nem por governos "corretos".</p><p>As mudanças tecnológicas dos últimos anos, levando à consolidação de uma nova ordem baseada nas redes sociais e nos algoritmos, causa um rearranjo no campo das forças sociais que talvez não possa ser contido pelo Estado nacional.</p><p><b>A bolha tradicionalista não existe por uma "falha" do Estado, mas existe independentemente dele</b>. Tentar conter sua existência por meio de políticas públicas talvez seja acreditar na volta de uma sociedade que desapareceu.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-83606583234254815642022-11-05T10:07:00.007-03:002022-11-05T10:07:59.159-03:00O que vai acontecer com Bolsonaro?<p> O que vai acontecer, politicamente falando, com Bolsonaro quando deixar a Presidência?</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFQhdwPbwgVW2Q0Gt8Sv965qtOpTdkVQRZrsQ3LD5fe3cBQn3atuNaetTY4qmuwadbOdAI7ymAWGBGG1YaFtiGWMKW23VCKcaJBwk0cSzEdOs9T0kHYsPA_VCOMvxhClQMACAGg2XzpbnPgPA6cmMaIaul71_9RVaNztvJFmEBgUHfIdszUlTSWG6B7Q/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFQhdwPbwgVW2Q0Gt8Sv965qtOpTdkVQRZrsQ3LD5fe3cBQn3atuNaetTY4qmuwadbOdAI7ymAWGBGG1YaFtiGWMKW23VCKcaJBwk0cSzEdOs9T0kHYsPA_VCOMvxhClQMACAGg2XzpbnPgPA6cmMaIaul71_9RVaNztvJFmEBgUHfIdszUlTSWG6B7Q/w200-h200/1.png" width="200" /></a></div><p>Antes de trazermos algumas hipóteses, <b>convém entender o que pode acontecer com a "bolha tradicionalista" </b>formada em torno de sua atuação como Presidente e, depois, como candidato.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiNSmXBKIpzeZARMBdH0S0H979-e61BZhoifmBBVbx4ZuK3Viww2EIZNXrsYZulXGbuAHzt5Pg9ICYb99WhjTSUMkHQCYJDS6_xh72YOQ02NDIdd628C_8-AB_GKQHFocN21UBl9nJ1oMgEXWIj-QORmKdQgLtR1dN3DA1Z_RH3Wph0YR5qUoGZ35hlmw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1127" data-original-width="2000" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiNSmXBKIpzeZARMBdH0S0H979-e61BZhoifmBBVbx4ZuK3Viww2EIZNXrsYZulXGbuAHzt5Pg9ICYb99WhjTSUMkHQCYJDS6_xh72YOQ02NDIdd628C_8-AB_GKQHFocN21UBl9nJ1oMgEXWIj-QORmKdQgLtR1dN3DA1Z_RH3Wph0YR5qUoGZ35hlmw" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Analisando-se os resultados das eleições parlamentares e para os governos estaduais, partidos ligados ao movimento evangélico, ao centrão e ao agronegócio conquistaram posições importantes. A tendência é que não apoiem uma oposição bolsonarista, aderindo ao governo ou a outros nomes.</span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiqK6RZtP1uApXu7_yZ2rLNJIiIhVrv6QUhV5ISjw-ti8YU9if6QFekUOCLKAOmgK4tBiPW_DS0DSQ3wom1DkVjZuTPVR9wED4fI0_niLwEbpNI0Fluf4cBB-fj44HJCmkJc-Hqj5tGcz5-o7f0HntSErPpprfaV5AGRG2WZ-nLhiHSG3wiQhGklJInnA" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1127" data-original-width="2000" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiqK6RZtP1uApXu7_yZ2rLNJIiIhVrv6QUhV5ISjw-ti8YU9if6QFekUOCLKAOmgK4tBiPW_DS0DSQ3wom1DkVjZuTPVR9wED4fI0_niLwEbpNI0Fluf4cBB-fj44HJCmkJc-Hqj5tGcz5-o7f0HntSErPpprfaV5AGRG2WZ-nLhiHSG3wiQhGklJInnA" width="320" /></a></div><br />Avançando nas possibilidades, para desenharmos o pior cenário para Bolsonaro, os Lavajatistas, com ambições próprias, buscam novamente um caminho isolado e os Militares (sobretudo da ativa), dado o apoio das potências mundiais ao novo governo, silenciam.</div><div><p></p><div><span data-canva-clipboard="ewAiAGEAIgA6ADUALAAiAGQAIgA6ACIAQgAiACwAIgBoACIAOgAiAHcAdwB3AC4AYwBhAG4AdgBhAC4AYwBvAG0AIgAsACIAYwAiADoAIgBEAEEARgBSAEUANgBiAFQAawBCADgAIgAsACIAaQAiADoAIgA2AEUAYwBHAHQAbQBiAGkAdQA4ADIAWAB3ADkATAA1AEEAZQB5AEkAQQBRACIALAAiAGIAIgA6ADEANgA2ADcANgA0ADcAMQA5ADUAOAAxADYALAAiAEEAPwAiADoAIgBCACIALAAiAEEAIgA6AFsAewAiAEEAIgA6ADQANQAzAC4ANQA2ADkAMQAzADIANAAzADEAOQA5ADgALAAiAEIAIgA6ADEANAAwAC4ANgA2ADQANgAxADQANgA0ADAANwA3ADUANwAsACIARAAiADoANwA5ADgALgA2ADcAMAA3ADcAMAA3ADEAOAA0ADQAOAAxACwAIgBDACIAOgA0ADUAMAAuADAANQAwADkANwA5ADIAOQA5ADgANAA1ADUANQAsACIAQQA/ACIAOgAiAEkAIgAsACIAYQAiADoAewAiAEIAIgA6AHsAIgBBACIAOgB7ACIAQQAiADoAIgBNAEEARgBSAEUAMQBCADgAVAA0ADAAIgAsACIAQgAiADoAMQB9ACwAIgBCACIAOgB7ACIAQQAiADoALQAyAC4AOAA0ADIAMQA3ADAAOQA0ADMAMAA0ADAANAAwADEAZQAtADEANAAsACIAQgAiADoANQAuADYAOAA0ADMANAAxADgAOAA2ADAAOAAwADgAMAAyAGUALQAxADQALAAiAEQAIgA6ADcAOQA4AC4ANgA3ADAANwA3ADAANwAxADgANAA0ADgAMQAsACIAQwAiADoANAA1ADAALgAwADUAMAA5ADcAOQAyADkAOQA4ADQANQA1ADUAfQB9AH0AfQBdACwAIgBCACIAOgAxADAAOAAwACwAIgBDACIAOgAxADAAOAAwAH0A"></span></div><div><span data-canva-clipboard="ewAiAGEAIgA6ADUALAAiAGQAIgA6ACIAQgAiACwAIgBoACIAOgAiAHcAdwB3AC4AYwBhAG4AdgBhAC4AYwBvAG0AIgAsACIAYwAiADoAIgBEAEEARgBSAEUANgBiAFQAawBCADgAIgAsACIAaQAiADoAIgA2AEUAYwBHAHQAbQBiAGkAdQA4ADIAWAB3ADkATAA1AEEAZQB5AEkAQQBRACIALAAiAGIAIgA6ADEANgA2ADcANgA0ADcAMQA5ADUAOAAxADYALAAiAEEAPwAiADoAIgBCACIALAAiAEEAIgA6AFsAewAiAEEAIgA6ADQANQAzAC4ANQA2ADkAMQAzADIANAAzADEAOQA5ADgALAAiAEIAIgA6ADEANAAwAC4ANgA2ADQANgAxADQANgA0ADAANwA3ADUANwAsACIARAAiADoANwA5ADgALgA2ADcAMAA3ADcAMAA3ADEAOAA0ADQAOAAxACwAIgBDACIAOgA0ADUAMAAuADAANQAwADkANwA5ADIAOQA5ADgANAA1ADUANQAsACIAQQA/ACIAOgAiAEkAIgAsACIAYQAiADoAewAiAEIAIgA6AHsAIgBBACIAOgB7ACIAQQAiADoAIgBNAEEARgBSAEUAMQBCADgAVAA0ADAAIgAsACIAQgAiADoAMQB9ACwAIgBCACIAOgB7ACIAQQAiADoALQAyAC4AOAA0ADIAMQA3ADAAOQA0ADMAMAA0ADAANAAwADEAZQAtADEANAAsACIAQgAiADoANQAuADYAOAA0ADMANAAxADgAOAA2ADAAOAAwADgAMAAyAGUALQAxADQALAAiAEQAIgA6ADcAOQA4AC4ANgA3ADAANwA3ADAANwAxADgANAA0ADgAMQAsACIAQwAiADoANAA1ADAALgAwADUAMAA5ADcAOQAyADkAOQA4ADQANQA1ADUAfQB9AH0AfQBdACwAIgBCACIAOgAxADAAOAAwACwAIgBDACIAOgAxADAAOAAwAH0A"></span></div></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhQ7DIW5sUiwKMUgOxnBlSp9OSKYL46BUUtCNrbXViiKlvTpG3leKFfv64LEQPrFCjN7ejb01Dib5X51ibIwC11fptMldPEJdAaJnSxpHdtyHi26TXqyqytoo7rWTNjSEQNATNPaTKaOmfP-aM1zxTeCIaezULXIYHYx-IoPS_eh17Yi2sQ7h75dAB5Sw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1127" data-original-width="2000" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhQ7DIW5sUiwKMUgOxnBlSp9OSKYL46BUUtCNrbXViiKlvTpG3leKFfv64LEQPrFCjN7ejb01Dib5X51ibIwC11fptMldPEJdAaJnSxpHdtyHi26TXqyqytoo7rWTNjSEQNATNPaTKaOmfP-aM1zxTeCIaezULXIYHYx-IoPS_eh17Yi2sQ7h75dAB5Sw" width="320" /></a></div><br /><div><b>Restará, assim, a Bolsonaro, dois grupos que sempre foram considerados "raízes":</b></div><div><ol style="text-align: left;"><li><b>Grupo heterogêneo</b> de pessoas com personalidade autoritária, com frustrações diversas e com armas nas mãos; </li><li><b>Grupo de simpatizantes ligados à direita global e a movimentos tradicionalistas</b>, geneticamente bolsonaristas (na versão que emerge a partir de 2016).</li></ol></div><div>Nesse sentido, Bolsonaro e aqueles mais próximos a ele continuariam liderando um partido digital, que se estrutura em redes sociais de propriedade de empresas privadas globais.</div></div><div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgR4KiulYae71ZXXfNbP4w7EeRWJb08dL2a5qFcvxTmMFvfKnbnkMez8eNfM3tbEwjFIMQjFgDTCztE1Dldj-NLMOPe0NBLe8eiw4nT4QRNAmm55HNIUea0fvGLeC9yAZsJXgvYa1pXcn7GOxaLmZy9yHcBQS4CgfEmhyS8sTtHp-mrdJDvgucw_PMNPw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="893" data-original-width="1336" height="134" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgR4KiulYae71ZXXfNbP4w7EeRWJb08dL2a5qFcvxTmMFvfKnbnkMez8eNfM3tbEwjFIMQjFgDTCztE1Dldj-NLMOPe0NBLe8eiw4nT4QRNAmm55HNIUea0fvGLeC9yAZsJXgvYa1pXcn7GOxaLmZy9yHcBQS4CgfEmhyS8sTtHp-mrdJDvgucw_PMNPw=w200-h134" width="200" /></a></div><br /><b>Qual o tamanho dessa liderança (em termos populacionais) e qual seu poder?</b></div><div><div><br /></div><div>Muito dessa resposta virá da análise dos resultados das eleições norteamericanas que ocorrem agora em novembro. Lá, o cenário é muito parecido com cá: Trump perdeu por pouco as eleições presidenciais e continuou bastante influente em seu partido digital.</div><div><br /></div><div>Podemos, de qualquer modo, especular que 20 a 30% da população brasileira continue cegamente fiel a Bolsonaro. Trata-se de um contingente considerável, capaz de fazer dele uma influência política em qualquer eleição e uma ameaça à democracia.</div></div><div><br /></div><div><div>Em 2023, portanto, Bolsonaro começa, mesmo nesse pior cenário para ele, com um poder bastante elevado.</div><div><br /></div><div><b>A tendência é que utilize seu partido digital para mobilizar constantemente seus seguidores</b>. Para tanto, recorrerá a técnicas de marketing político, plantando dúvidas que somente viram certeza após uma reflexão dos correligionários.</div><div><br /></div><div>E essas dúvidas levarão à constatação de que existem inimigos do verdadeiro povo brasileiro (bolsonarista), os quais precisam ser combatidos de qualquer maneira.</div></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiAL0Y0n9LM-SKSGnK9qroXg9GkGd7-dXvztRV2r_9Ttg0aFECkZHdq3IobUt_4dvCBMCssy-sk0nNiTGf-awDp89f9OplRQ2GpV5k0GDqdxfbcyaixQ55h5UIkGR92qIqCemTcabtkpa9PUiG8zs3UhQQOzI7XPYw0PlhFbPZ703_2ws5xqD4sD-nvmg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="485" data-original-width="1679" height="92" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiAL0Y0n9LM-SKSGnK9qroXg9GkGd7-dXvztRV2r_9Ttg0aFECkZHdq3IobUt_4dvCBMCssy-sk0nNiTGf-awDp89f9OplRQ2GpV5k0GDqdxfbcyaixQ55h5UIkGR92qIqCemTcabtkpa9PUiG8zs3UhQQOzI7XPYw0PlhFbPZ703_2ws5xqD4sD-nvmg" width="320" /></a></div><br /><div><b>Quão bem sucedido será Bolsonaro?</b></div><div><br /></div><div>O êxito de um partido digital depende da "boa vontade" das empresas privadas globais cujos algoritmos impulsionam postagens com conteúdo antidemocrático, mentiroso ou odioso.</div><div><br /></div><div>Quando o partido digital é pequeno, com poucos seguidores, depende de um investimento inicial para crescer. Depois de um certo ponto, basta entender o algoritmo e o crescimento torna-se orgânico.</div><div><br /></div><div>No caso do Bolsonarismo, pode ser que seu partido digital já tenha atingido o patamar do orgânico, tornando-se razoavelmente "barato" de operar.</div><div><br /></div><div>Caso isso tenha ocorrido, o sucesso de Bolsonaro estará ligado apenas ao compromisso das citadas empresas privadas com a legislação brasileira: se elas derem espaço à máquina bolsonarista, ela continuará crescendo.</div></div><div><br /></div><div><div><b>Bolsonaro será preso?</b></div><div><br /></div><div>Esta questão está intimamente ligada às anteriores. Inegavelmente há razões jurídicas para Bolsonaro ser preso ou tornar-se inelegível. Mas, o direito nunca anda desconectado da política.</div><div><br /></div><div>Por mais que o STF e o TSE tenham mostrado muita força, coibindo atos antidemocráticos, essa força nunca foi maior do que podia ter sido. Há uma linha entre o silenciamento promovido pelas instâncias jurídicas e o indesejável efeito oposto, de amplificar as agitações sociais.</div><div><br /></div><div>Caso Bolsonaro seja bem sucedido em 2023 e fortaleça ainda mais sua bolha, não haverá condições sociais para sua prisão ou para ser considerado inelegível. É com isso que ele conta.</div></div>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-60337437714196289992022-11-02T18:16:00.002-03:002022-11-02T18:18:12.545-03:00Deus, Pátria, Família e Liberdade" é um ideal fascista<p>Em postagem anterior, mencionei que o lema bolsonarista "<b>Deus, Pátria, Família e Liberdade</b>" era fascista. Alguns ótimos interlocutores, com quem tenho divergências políticas, questionaram, de modo bastante plausível, a alegação.</p><p>Por questões de adequação ao meio (redes sociais), não farei aqui considerações etimológicas ou históricas sobre o termo "<b>fascismo</b>". Considero-o sinônimo de autoritarismo.</p><p>Quando se defendem as quatro palavras iniciais no singular, articula-se um discurso que naturaliza uma determinada visão de mundo e exclui todas as outras, caracterizando-se o ponto de vista fascista.</p><p>Assim, proclama-se "<b>Deus</b>" como se todas as religiões fossem ou devessem ser monoteístas e como se o "correto" fosse seguir o Deus cristão.</p><p>Religiosidades diversas, politeístas ou não cristãs, ou, ainda, o ateísmo, são excluídos e passam a ser considerados estranhos.<br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJNosibUikfxyPwmw0IWkwnrcf-g2Z6QJL6ccPwI0KbkfBuj4tK5BWwk2A14RdFPeKM0zSGVlHR4fFvi8VDswZhoyu_iUawsWLdQ6DQCKM8i6V6OHzPIDJAYJlB6K1d4Ko-MKtH3wQiNbbyu-ESPmfGY4hUaTK-8mMLmalss6dRlIoYjyWIc9XOfXkIQ/s1080/1.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJNosibUikfxyPwmw0IWkwnrcf-g2Z6QJL6ccPwI0KbkfBuj4tK5BWwk2A14RdFPeKM0zSGVlHR4fFvi8VDswZhoyu_iUawsWLdQ6DQCKM8i6V6OHzPIDJAYJlB6K1d4Ko-MKtH3wQiNbbyu-ESPmfGY4hUaTK-8mMLmalss6dRlIoYjyWIc9XOfXkIQ/s320/1.png" width="320" /></a></div><p></p><p>A palavra "<b>Família</b>" é utilizada como sinônimo de uma composição familiar idealizada durante o século XIX, com papéis e gêneros especificados por traços culturais.</p><p>Outras estruturações familiares, com papéis e gêneros diversificados, são reputadas indesejáveis do ponto de vista moral e responsabilizadas pela decadência dos costumes.</p><p>A palavra "<b>Pátria</b>" é utilizada com um caráter complementar a "nação", em sentido europeu, conforme delineada a partir do século XVIII. Considera que pessoas com traços culturais comuns devem viver juntas e repelir outras que ameacem essa união.</p><p>Assim, pessoas de outras pátrias não devem viver entre "nós", ou, no máximo, devem viver em condição inferior, aceitando essa pretensa inferioridade.</p><p>Ideias que questionam a desigualdade social ou a posição de mando de determinadas autoridades são consideradas como não patriotas e que foram "importadas" por pessoas que deveriam abandonar o país.</p><p>Por fim, "<b>Liberdade</b>" é utilizada em um sentido libertário, por um lado, como a possibilidade de manifestar qualquer pensamento, ainda que seja um discurso odioso cujo alvo sejam pessoas que não sigam "Deus", ameacem a "Família" ou não se enquadrem na "Pátria".</p><p>Por outro, é utilizada em um sentido econômico, similar a livre iniciativa (para os ricos) ou empreendedorismo (para os pobres).</p><p>Em um ambiente de precarização e de neoliberalismo, a "Liberdade" em sentido econômico é um apelido cruel à uberização e à necessidade de labuta incessante. Considera que o Estado atrapalha o cotidiano de luta, ao invés de considerá-lo um garantidor de direitos.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrQlrd0jPxNdXs-MqOPk5w52PWbjIK6zu8xZAnugixqwfTwPOHCrdGSYlnDinPT4MJEJJ15xnt6IaNA2utTcSRebY22xwEf9cdWNOFif3FW9puu1KALNWbPFdzIOoU1ub8JVg7HL89QVtsDbnUQoFG_9sERRPD3HyN0joJd9JI2ToyY4d4m4mGqnW4Pg/s1080/6.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrQlrd0jPxNdXs-MqOPk5w52PWbjIK6zu8xZAnugixqwfTwPOHCrdGSYlnDinPT4MJEJJ15xnt6IaNA2utTcSRebY22xwEf9cdWNOFif3FW9puu1KALNWbPFdzIOoU1ub8JVg7HL89QVtsDbnUQoFG_9sERRPD3HyN0joJd9JI2ToyY4d4m4mGqnW4Pg/s320/6.png" width="320" /></a></div>Essa "Liberdade" econômica oculta, portanto, a falta de igualdade e a perda de direitos das pessoas. Condena os defensores da intervenção estatal e da tributação como inimigos, naturalizando uma ordem capitalista cruel que amplia as desigualdades e a concentração de riquezas.<p></p><p>Portanto, se você quiser utilizar essas palavras, passe a usar no plural e combinada com outras: "<b>Deuses; Pátrias e Pessoas; Famílias; Liberdade e Igualdade</b>". Caso não consiga usá-las assim, cuidado: sua personalidade é autoritária.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-17059371187534353172022-11-02T18:16:00.000-03:002022-11-02T18:16:14.670-03:00A lógica bolsonarista é plantar a dúvida: o primeiro pronunciamento presidencial após a eleição<p>Em seu primeiro pronunciamento após o resultado da eleição, o Presidente Bolsonaro seguiu à risca a estratégia de uma comunicação voltada à sociedade dividia em duas bolhas: plantar mais dúvidas do que certezas.</p><p>Afirma que os movimentos populares atuais derivam de "indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral". Não explica quais teriam sido as razões para esse sentimento, dando a entender que seriam legítimas.</p><p>Depois, afirma que esses protestos devem ser pacíficos e não adotar os métodos "da esquerda", ou seja, deveriam respeitar outros direitos, sobretudo o de "ir e vir".</p><p>Destaca a representação conquistada pela Direita no Congresso, lembrando seus ideais fascistas: "Deus, Pátria, Família e Liberdade".</p><p>Afirma ser pela "ordem e pelo progresso", superando as adversidades causadas pelo "sistema", pela pandemia e por uma Guerra.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDLqEWMVywrFzS2Imy-gQD7sYMltOkldlliYrccQ5Tquz7S01DEgd5kO8_RX3J1sFnOqs4LmuxHtg0Z0kUNZQ9KXG7Ts9W1-C91be5vc3ZGzfxEnCqyYmQoj5xrRsYhGQiLmdaUZPfioNyy-LAL_sYqwE_oK06SWphCX0F89QVi9XAR6n0AUPKlHCo6w/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDLqEWMVywrFzS2Imy-gQD7sYMltOkldlliYrccQ5Tquz7S01DEgd5kO8_RX3J1sFnOqs4LmuxHtg0Z0kUNZQ9KXG7Ts9W1-C91be5vc3ZGzfxEnCqyYmQoj5xrRsYhGQiLmdaUZPfioNyy-LAL_sYqwE_oK06SWphCX0F89QVi9XAR6n0AUPKlHCo6w/s320/1.png" width="320" /></a></div><br /><p>Menciona ser rotulado de "antidemocrático", mas sempre jogar "dentro das quatro linhas da Constituição", nunca falando em censurar a mídia ou as redes sociais.</p><p>Diz que cumprirá todos os mandamentos da Constituição, lembrando que defende as liberdades, a honestidade e as cores da bandeira. Encerra aqui sua fala.</p><p>Trata-se de um discurso exemplar quanto aos mecanismos contemporâneos de convencimento "pelo aprendizado" dos seguidores de redes sociais: conciso, direto e repleto de duplos sentidos, propiciando discussão e muitas vias de interpretação.</p><p>Vejamos:</p><p></p><ul style="text-align: left;"><li>Os protestos contra a ordem democrática são justificados pela liberdade constitucional, devendo ser pacíficos;</li><li>A Direita que conquistou postos eletivos é saudada com o ideal fascista;</li><li>Afirma ter superado adversidades mesmo contra o "sistema" e nunca ter pensado em censurá-lo (sem dizer que não teria poder para tanto);</li><li>Por fim, afirma que cumprirá todos os mandamentos da Constituição, sem especificar quais e nem qual a interpretação deles (lembrando que, com base na Constituição, justifica a intervenção militar).</li></ul><p></p><p>A partir das "pistas" deixadas por sua fala, Bolsonaro espera que sua bolha construa uma versão bélica de seu discurso.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-49419116067811878732022-10-31T09:16:00.002-03:002022-10-31T09:16:08.991-03:00As eleições continuam: robôs bolsonaristas funcionam a todo vapor<p>Confirmada a vitória da bolha progressista sobre a bolha tradicionalista, é natural que a primeira comemore. Há dúvidas quanto às <b>reações da bolha tradicionalista</b>.</p><p>Composta por grupos heterogêneos porém unidos pelo bolsonarismo, a reação pode ser diferente para cada um desses segmentos, causando inédita fissura na bolha.</p><p>Os <b>grupos evangélicos</b> conquistaram vários postos nas eleições, sendo o governo do Estado de São Paulo, pelo partido Republicanos, ligado a uma dessas igrejas, o mais significativo.</p><p>Parece pouco provável que embarquem em algum movimento de contestação ao resultado das eleições no segundo turno, pois isso implicaria um questionamento aos próprios resultados favoráveis.</p><p>Os <b>grupos ligados ao agronegócio</b> conquistaram vários governos no Centro Oeste e no Norte, também não devendo embarcar numa onda contestatória às urnas eletrônicas.</p><p>As <b>Forças Armadas</b> estão silenciosas e esse silêncio, nessa altura, é sinal de que tendem a referendar o resultado eleitoral.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhxSff38pgIRJugdg44vAD7XFYbgF9h9kIAdEzZ-_s4RLvbxvHaoajbHGhcO_Casd6Zn17ixa2RafxK0vnGGhzIiQWNEinfeP5rYOJVsHwiOeoBVOlvmBvO634po-f30sK9gv4-61Zi0BIP_ZNEHaiphM9ih-1qfYnI0DAho6rutj5Y9ZklvYo9lcyfxw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="2048" data-original-width="2048" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhxSff38pgIRJugdg44vAD7XFYbgF9h9kIAdEzZ-_s4RLvbxvHaoajbHGhcO_Casd6Zn17ixa2RafxK0vnGGhzIiQWNEinfeP5rYOJVsHwiOeoBVOlvmBvO634po-f30sK9gv4-61Zi0BIP_ZNEHaiphM9ih-1qfYnI0DAho6rutj5Y9ZklvYo9lcyfxw" width="240" /></a></div><br />Dúvidas pairam sobre <b>outros grupos armados</b> e sobre o outrora designado "Gabinete do Ódio", que corresponde ao <b>grupo ideológico mais radical</b>, ligado aos movimentos globais de direita e bastante competente no uso de instrumentos de comunicação digital.<p></p><p>Esse grupo ideológico está bastante ativo nas redes sociais, direcionando seus robôs digitais e seus "robôs humanos" a disseminarem postagens dentro da bolha progressista.</p><p>Algumas dessas postagens foram infelizes, indicando que o país estaria de luto pela derrota de Bolsonaro. Imediatamente geraram indignação e uma reação dizendo que o luto é pela COVID, não pela derrota eleitoral.</p><p>Mas o grupo ideológico é bastante rápido e capaz de recalibrar seus "guerrilheiros digitais" com eficácia.</p><p>Nesse jogo, <b>é preciso desvendar a reação que se pretende causar no adversário</b>, para reagir de outro modo, neutralizando a ação pretendida.</p><p>Durante as eleições de domingo, por exemplo, houve uma tentativa, por parte desse grupo da bolha tradicionalista, de fazer a bolha progressista dizer que havia fraude nas eleições. Foram plantadas notícias de atuação da Polícia Rodoviária Federal com o intuito de gerar esse movimento. Todavia, a bolha progressista não "caiu" na cilada.</p><p>De todo modo, a atuação dos robôs digitais tem sido, como dito, das mais intensas.</p><p>Várias postagens que escrevi há algum tempo estão recebendo comentários neste momento, sempre desfavoráveis a Lula e favoráveis a Bolsonaro.</p><p>Ainda não é possível identificar a estratégia pretendida. Precisamos comparar nosso caso à eleição norteamericana de 2020, pois o grupo ideológico pode clonar os passos seguidos por Trump, com algumas adaptações.</p><p>Lá, o foco foi a alegação de fraude eleitoral com a mobilização para ocupar o Capitólio. Aqui, podemos ter uma mobilização para invadir o TSE ou para inviabilizar a posse de Lula, por exemplo. </p><p><b>Todas as hipóteses precisam ser consideradas</b>, uma vez que o grupo ideológico é capaz de instigar as massas bolsonaristas.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-26970706018274862852022-10-29T08:47:00.005-03:002022-10-29T08:47:47.589-03:00Bolsonarismo precisa esperar o resultado da apuração para impulsionar potencial alegação de fraude<p>Por mais que as pesquisas indiquem a liderança de Lula, a apuração amanhã pode não consumar sua vitória. Consideremos três hipóteses:</p><p>1. A abstenção maior entre os eleitores lulistas prejudica seu desempenho e possibilita a vitória de Bolsonaro.</p><p>Essa abstenção, inclusive, dadas as notícias recentes, pode ser amplificada pelas ameaças de empresários e outros crimes eleitorais não detectados.</p><p>2. As amostras dos institutos de pesquisa, dada a falta de novo Censo, estão imprecisas e suas estimativas viciadas.</p><p>Nesse caso, Bolsonaro estaria na frente de Lula, considerando-se o erro amostral, vindo a vencer as eleições.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxrh4cXrbcLznJwcnLm4GN_-_r9rpib7zm0q3AqLDVjKHFg07Uc44PNTZ5LKmPY0ghvdGx6jtVdCWroJsFXf33aBJaks-SRc9lXXl6UMBNBOuhpzKVUOQXn_tflK8vU08JdBN7ahwPWF2Lt1LwpBQlQg_vpN5m1kNCFq93L6BUQW-6EkW6oCtfz3I4cg/s2048/AdrAF_social_protest_protesters_holding_brazilian_flags_metropo_3122ed52-be6a-4c7f-bac6-3f98a9303373.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="2048" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxrh4cXrbcLznJwcnLm4GN_-_r9rpib7zm0q3AqLDVjKHFg07Uc44PNTZ5LKmPY0ghvdGx6jtVdCWroJsFXf33aBJaks-SRc9lXXl6UMBNBOuhpzKVUOQXn_tflK8vU08JdBN7ahwPWF2Lt1LwpBQlQg_vpN5m1kNCFq93L6BUQW-6EkW6oCtfz3I4cg/s320/AdrAF_social_protest_protesters_holding_brazilian_flags_metropo_3122ed52-be6a-4c7f-bac6-3f98a9303373.png" width="320" /></a></div><br /><p>3. Embora Lula esteja na frente das pesquisas, entre hoje e amanhã ocorrem episódios "virais" que convencem eleitores indecisos, brancos e nulos, além de inverter alguns votos.</p><p>Novamente, nessa terceira hipótese, Bolsonaro sairia vencedor, apesar do resultado adverso das pesquisas.</p><p>Rigorosamente, nenhuma dessas hipóteses pode ser descartada, levando os bolsonaristas e sua bolha tradicionalista a viverem um impasse.</p><p>Como Bolsonaro pode vencer as eleições, seria perigoso e sairia pela culatra um impulsionamento imediato, em massa, de teses questionadoras da idoneidade das urnas eletrônicas.</p><p>Em outras palavras, esse impulsionamento poderia gerar a desconfiança de que Bolsonaro e as Forças Armadas manipularam as urnas eletrônicas e programaram internamente ao sistema do TSE sua vitória.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKXBws-G6o98O8bEFe_kGZVg4hPEBuqyFSk1fF0Ryyb1tnierLH3dvwd46uPd2ziql91jL77Ztog9CPft9-htN3aHgk9X9PEYI57ONolwkktw3WHK16Ho36DTeSAc8dAo3JcX84F8WakK-Aq88mhkKBODAbTGKW3FobSBz4TceZJhg_DiVZOeSRB94yA/s2048/AdrAF_social_protest_protesters_holding_brazilian_flags_metropo_cbf26f11-c40c-42ff-9eaf-ca52520b5b44.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="2048" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKXBws-G6o98O8bEFe_kGZVg4hPEBuqyFSk1fF0Ryyb1tnierLH3dvwd46uPd2ziql91jL77Ztog9CPft9-htN3aHgk9X9PEYI57ONolwkktw3WHK16Ho36DTeSAc8dAo3JcX84F8WakK-Aq88mhkKBODAbTGKW3FobSBz4TceZJhg_DiVZOeSRB94yA/s320/AdrAF_social_protest_protesters_holding_brazilian_flags_metropo_cbf26f11-c40c-42ff-9eaf-ca52520b5b44.png" width="320" /></a></div><br /><p>Por outro lado, se não houver qualquer impulsionamento em massa dessa tese de fraude nas urnas eletrônicas, a tese enfraquece, sobretudo no caso da vitória de Lula.</p><p>Se os bolsonaristas esperarem a derrota para esse impulsionamento, ele pode soar como "choro de derrotado" e não convencer muita gente.</p><p>O mais provável, assim, é que já exista, nesse caso de derrota bolsonarista, um momento definido para a disseminação da tese.</p><p>Analisando-se a apuração do primeiro turno e de outras eleições, como 2014, os Estados bolsonaristas e o DF costumam enviar seus resultados ao TSE com maior rapidez. Assim, a tendência é que Bolsonaro comece a apuração com ampla vantagem sobre Lula.</p><p>Essa vantagem, dadas as hipóteses citadas, pode diminuir sem que ocorra a "virada" lulista. Mas, claro, dadas as pesquisas eleitorais, no momento final da apuração pode ocorrer a "virada" e Lula, que ficaria atrás quase 90% do tempo, sairia vencedor.</p><p>Caso os bolsonaristas percebam, no final da apuração, que a virada está ocorrendo, será o potencial momento em que haverá a disseminação da tese da fraude, mobilizando sua "tropa".</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-26644194745408016342022-10-28T07:00:00.004-03:002022-10-28T07:00:00.148-03:00Autoritarismo econômico<p> A economia é o espaço social em que os bens são produzidos e distribuídos. A política econômica consiste na definição de critérios, escolhidos pela sociedade, para produzir e distribuir os bens.</p><p>Nesse espaço social, algumas perguntas básicas devem ser respondidas:</p><p></p><ul style="text-align: left;"><li>O que produzir</li><li>Quem produzir</li><li>Como produzir</li><li>Quando produzir</li><li>Quanto produzir</li><li>Para quem produzir</li></ul><p></p><p>Numa sociedade com nível mais aprofundado de democracia, essas perguntas são respondidas por toda a população, de modo deliberativo.</p><p>A economia capitalista de mercado forja uma regra (oferta e procura), pretensamente objetiva, a partir da qual as decisões que respondem às perguntas acima são transferidas para indivíduos ou empresas privadas (livre iniciativa e concorrência).</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEios2HzRjgcvFaQawPnD09b4vvr9yQjCcGE_bETTEYbBqTp6iqo4SFBNLfYqUy2c4BzyLDbHtiCKYbuZV7JA-uyu5EFAUNnmCSflza7voYAQfDYlLKxdmGRB3ouhSsL-PBnNb_-sljYEvwtFuZX8hQd41OTcayTpjvVsXlCqhGPvB6mkoxOcDq409HgvQ/s2048/AdrAF_authoritarianism_big_City_69968844-5f04-4fa0-9524-6d14cb8ec9d5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="2048" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEios2HzRjgcvFaQawPnD09b4vvr9yQjCcGE_bETTEYbBqTp6iqo4SFBNLfYqUy2c4BzyLDbHtiCKYbuZV7JA-uyu5EFAUNnmCSflza7voYAQfDYlLKxdmGRB3ouhSsL-PBnNb_-sljYEvwtFuZX8hQd41OTcayTpjvVsXlCqhGPvB6mkoxOcDq409HgvQ/s320/AdrAF_authoritarianism_big_City_69968844-5f04-4fa0-9524-6d14cb8ec9d5.png" width="320" /></a></div><br /><p>Sob essa falsa objetividade, instaura-se um regime autoritário que submete a esmagadora maioria da população a jornadas desnecessárias de trabalho ou de empreendedorismo, condenando outra parcela à exclusão econômica.</p><p>Oculta-se que as perguntas acima são respondidas por pequeno grupo de investidores e por empresas globais que efetivamente definem os rumos econômicos do planeta.</p><p>As decisões econômicas tomadas por esse pequeno grupo tendem a estruturar relações econômicas que o favorecem cada vez mais, aumentando a concentração de riquezas.</p><p>Com o avanço tecnológico, tal grupo pode desprezar a participação humana do processo produtivo dos bens, precarizando as relações de trabalho.</p><p>Aos poucos, com a disseminação de produtos financeiros e de uma economia de acionistas, a massa popular torna-se desnecessária até para o consumo, agravando-se a miséria.</p><p>Além disso, como as relações produtivas são estruturadas para favorecer o grupo capitalista, a meritocracia torna-se uma mentira, ocorrendo favorecimentos subjetivos e a perpetuação das classes pela herança.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-50575615446495867082022-10-25T15:00:00.001-03:002022-10-25T15:00:00.152-03:00Níveis de democracia<p> Democracia significa que as pessoas participam das decisões mais importantes que interferem em sua vida.</p><p>Falando assim, fica evidente que as sociedades não são plenamente democráticas, pois a esmagadora maioria da população vive conforme regras e situações impostas previamente e sobre as quais não deliberaram.</p><p>Podemos considerar que há um primeiro nível de democracia, o mais superficial de todos, também o mais amplamente disseminado: a participação na escolha dos representantes que ocupam postos estatais.</p><p>Esse nível materializa-se nas eleições periódicas e, eventualmente, em mecanismos como plebiscitos e referendos. Corresponde à democracia liberal.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZJtcejU3l80zOJ2abCyLK4_EmQ_kKGg0lhlEoxoRRPoUbhn7FcRAlRdY_pLPGpHk0nkuuRAEI7JOOJT-fGSUo0JaL3HKYN3aNES7sMkKFQZDjZj1MSdat8Hqp-NNNzJap2ODsrAhHleIXS6cqKbFQk2SCe6zyv1SMdp5dds8vnAFwC1_-vkW1uwMwIA/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZJtcejU3l80zOJ2abCyLK4_EmQ_kKGg0lhlEoxoRRPoUbhn7FcRAlRdY_pLPGpHk0nkuuRAEI7JOOJT-fGSUo0JaL3HKYN3aNES7sMkKFQZDjZj1MSdat8Hqp-NNNzJap2ODsrAhHleIXS6cqKbFQk2SCe6zyv1SMdp5dds8vnAFwC1_-vkW1uwMwIA/s320/1.png" width="320" /></a></div><p></p><p>O segundo nível de democracia é raro e ocorre na economia. Consiste na participação das pessoas nas decisões relativas ao objeto da produção e aos critérios de distribuição.</p><p>Nesse nível econômico, a sociedade decide o que deve ser produzido, por quem, quando e para quem.</p><p>No modelo liberal, essa decisão econômica é aberta a poucos, chamados de donos de empresas, acionistas, investidores... O critério para a decisão é subjetivo, focado no lucro, embora seus impactos atinjam a vida de todos.</p><p>Há alguns anos, seus defensores argumentavam que não existia uma racionalidade pública melhor do que essa racionalidade denominada de "competitiva". Defendiam, assim, a "livre iniciativa".</p><p>O primeiro quarto de século XXI revela o esgotamento desse autoritarismo econômico e a necessidade de efetivação do segundo nível de democracia. Essa economia tem agravado as desigualdades sociais e tornado explícita a falta de meritocracia.</p><p>A grande novidade para esse aprofundamento democrático é a digitalização da economia e a disseminação dos algoritmos. Observando-se o comportamento das redes sociais, algoritmos conseguem convencer pessoas a trabalharem gratuitamente produzindo, compartilhando e curtindo conteúdos.</p><p>Haveria, portanto, a possibilidade de, socializando-se os algoritmos, construir uma democracia econômica, superando a economia de mercado. Caberia à política conduzir esse processo.<br /></p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-77716545970275303452022-10-23T15:40:00.003-03:002022-10-23T15:40:39.997-03:00A democracia liberal precisa ser superada<p> A palavra democracia costuma ser definida como "governo do povo". Trata-se de uma situação em que o poder político pertence à população de um local e é exercido em nome de seus interesses comuns.</p><p>A primeira discussão que o conceito traz é a forma como esse poder será exercido: diretamente ou por representantes.</p><p>A democracia direta é aquela em que o povo delibera sobre as regras de sua sociedade, julga os conflitos e executa os serviços públicos. Nenhuma sociedade com muitos habitantes e um território amplo conseguiu utilizá-la.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOIX1rGrY3ksiyOE5HIVw50oI-hvOUxBBA1DODy6rNJeJ246Uh_aorPJcbZdmatBPb1eQcyhZGyhaBy-Et_3fkfqN33lJD2raO1lnVKsE3VHXOd-QyeOlE49kKqd90JCOCB0EELLYWY-YDu7sLYU5KWLVb2XDqm_Bf5fFiSp7IdfVzMeyVNWichHY1cA/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOIX1rGrY3ksiyOE5HIVw50oI-hvOUxBBA1DODy6rNJeJ246Uh_aorPJcbZdmatBPb1eQcyhZGyhaBy-Et_3fkfqN33lJD2raO1lnVKsE3VHXOd-QyeOlE49kKqd90JCOCB0EELLYWY-YDu7sLYU5KWLVb2XDqm_Bf5fFiSp7IdfVzMeyVNWichHY1cA/s320/1.png" width="320" /></a></div><br /><p>O mais comum é a organização de um Estado e a seleção de pessoas para representar o povo, via concurso público ou votação.</p><p>Atualmente, o modelo representativo ainda hegemônico é a chamada democracia liberal, cuja representação nos principais postos decorre de eleições periódicas. Além disso, o Estado é dividido em três Poderes e seu funcionamento respeita o princípio da legalidade.</p><p>Esse modelo, contudo, revela-se incapaz de resolver graves problemas do presente, como o aumento da pobreza, a concentração de riqueza e a falta de meritocracia econômica.</p><p>Essa incapacidade faz surgir líderes que pretendem implementar novos modelos de democracia ou, no extremo, suprimi-la. Também propicia o fortalecimento de instituições externas ao Estado, como as igrejas evangélicas e as redes sociais.</p><p>O fortalecimento desses líderes e dessas instituições revela que qualquer tentativa de retorno ao modelo liberal sem uma resolução satisfatória para os três problemas apontados será efêmera e pouco efetiva.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg78_pX6z4aSrVA71txPBHyuYRK6GLyU1EqbpXNAIFn8AJgxIBBLiIeFekLCTOpxoqKwJa-MKe6S0tK3NIFM_5-_1MqrXBlHN12mK10tKoiO_ZsHYXgc_JY0D0MsqToFL7jH9b143XJTubHndSbL9xU_yjBN5aDkXzi9OrL02WZZx_pI1wuStNd5WZYqg/s1080/5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg78_pX6z4aSrVA71txPBHyuYRK6GLyU1EqbpXNAIFn8AJgxIBBLiIeFekLCTOpxoqKwJa-MKe6S0tK3NIFM_5-_1MqrXBlHN12mK10tKoiO_ZsHYXgc_JY0D0MsqToFL7jH9b143XJTubHndSbL9xU_yjBN5aDkXzi9OrL02WZZx_pI1wuStNd5WZYqg/s320/5.png" width="320" /></a></div><p></p><p>Assim, a busca de amplas coalizões sociais entre beneficiários de direita e de esquerda do atual sistema tende a mobilizar cada vez menos pessoas, soando uma tentativa inócua de autopreservação de vantagens.</p><p>As novas forças tecnológicas produzidas pela sociedade digital devem ser incorporadas a um alargamento do processo democrático, superando o estreito conceito de democracia liberal que afasta o povo de uma participação concreta dos processos decisórios que afetam sua vida cotidiana.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-19722330012571089522022-10-20T16:28:00.001-03:002023-05-21T19:22:31.536-03:00Coronéis esclarecidos e jagunços digitais<p> Na tradição brasileira, normalmente o "coronel" ocupava as principais posições de mando e mobilizava seus "jagunços" para fazerem o jogo sujo, permanecendo com as mãos limpas e a consciência "branca".</p><p>Com o avançar do século XX, muitos coronéis tornaram-se "esclarecidos", saindo das fazendas para os bancos acadêmicos, as presidências das empresas e os órgãos de imprensa.</p><p>Aprenderam línguas estrangeiras e beberam da cultura continental europeia e inglesa/norteamericana. Lideraram o país com um vasto umbigo, além de imensa dificuldade para aceitar o próprio povo, visto como inculto e violento, devendo ser educado.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2gkXzYRVFWuPR5YLbd9TzNcoAplrh9iPz5-dM1Q0-YKd3Hz3NvQ7PEh81SxgRA2oIh7OZlevz-K2MCTymgifxLNYAn8c4b68VpeLogljdGJfm5fRLnvSyj_ofpn9MuzRP8vF8LnUkT3rYXu3618BQDEB7BHpSfWS9VBWVRbZyajqh55dLzWhTxiyLkA/s1024/DALL%C2%B7E%202022-10-20%2015.48.21%20-%20pernicious%20social%20networks,%20miserable%20people,%20Brasilia,%20lost%20teachers.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2gkXzYRVFWuPR5YLbd9TzNcoAplrh9iPz5-dM1Q0-YKd3Hz3NvQ7PEh81SxgRA2oIh7OZlevz-K2MCTymgifxLNYAn8c4b68VpeLogljdGJfm5fRLnvSyj_ofpn9MuzRP8vF8LnUkT3rYXu3618BQDEB7BHpSfWS9VBWVRbZyajqh55dLzWhTxiyLkA/s320/DALL%C2%B7E%202022-10-20%2015.48.21%20-%20pernicious%20social%20networks,%20miserable%20people,%20Brasilia,%20lost%20teachers.png" width="320" /></a></div><p>Por isso, mantiveram a parceria com os jagunços, convertidos em assessores, orientandos, seguranças, matadores e milicianos. Enquanto o coronel esclarecido folheava os livros, seus jagunços davam tiros para o alto.</p><p>Com o século XXI e o advento da tecnologia digital, em especial das redes sociais, chegaram os novos colonizadores que rapidamente cooptaram os jagunços.</p><p>Sem perder a ternura, conservando a pistola e o facão, os jagunços se digitalizaram, levando sua proximidade do povo e seu grito de independência em relação aos velhos senhores para postagens e vitórias eleitorais.</p><p>Enquanto isso, os coronéis balançam suas teses sem entender que novos senhores globais vieram para mandar.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIxCQ6StFu1w9iD7k1k36tzr6Ha5q6YIO6YJ4XuGNJA3rsdJ5sl2AXZUsyetYN_CDIgmcg61supyBi-tV-8RO5yKGbHT_7-f1zq_b3XD1OsX-7Nj2-f-YoClEmCVAfIQEPsOjXRvojHDPe5ztZxMt0qA3A-HuBiK74BLuLPva6Mvx9nJRfMZQYnFmn9A/s1024/AdrAF_pernicious_social_networks_miserable_people_Brasilia_b229696f-3819-4dd0-b782-22340c85507b.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIxCQ6StFu1w9iD7k1k36tzr6Ha5q6YIO6YJ4XuGNJA3rsdJ5sl2AXZUsyetYN_CDIgmcg61supyBi-tV-8RO5yKGbHT_7-f1zq_b3XD1OsX-7Nj2-f-YoClEmCVAfIQEPsOjXRvojHDPe5ztZxMt0qA3A-HuBiK74BLuLPva6Mvx9nJRfMZQYnFmn9A/s320/AdrAF_pernicious_social_networks_miserable_people_Brasilia_b229696f-3819-4dd0-b782-22340c85507b.png" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><b>Referências e sugestões:</b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Gabriel Feltran</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">https://novosestudos.com.br/formas-elementares-da-vida-politica-sobre-o-movimento-totalitario-no-brasil-2013/#gsc.tab=0</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">https://filosofiapop.com.br/podcast/178-sistema-jagunco-com-gabriel-feltran/</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2023/03/lula-ainda-nao-despertou-para-a-contrarrevolucao-dos-jaguncos.shtml</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><p></p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-22659686412830959992022-10-19T15:00:00.005-03:002022-10-19T15:00:00.155-03:00A bolha progressista e a crueldade do capitalismo<p> A bolha progressista, mesmo composta por grupos diferentes, converge em uma crença econômica: a de que o capitalismo é inevitável e pode organizar uma sociedade.</p><p>Enquanto a esquerda reformista considera que o Estado seja essencial para consumar essa organização, a direita democrática tende a demonizá-lo, preconizando seu afastamento do mercado e, até mesmo, das questões sociais.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgCyTHEDaBI60Pw0fdKPE6H_giyUQMLdex9p8x-edTkzGb6jASf0iuzElfEqU-5ctqkx-JJ-0AWSrDYEZnl1tqdiFLhv5AsX89Zuv_Ht0zYqmqMy0OMxhJOC7eciifjlH2GKaXmpml2aIrcou_TKXl_OltoQC1s1T2fwgmB53MbAKaGMJnvX446L-yHA/s1024/DALL%C2%B7E%202022-10-18%2014.33.10%20-%20City%20of%20S%C3%A3o%20Paulo,%20favela,%20Miserable%20Family,%20by%20Portinari.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgCyTHEDaBI60Pw0fdKPE6H_giyUQMLdex9p8x-edTkzGb6jASf0iuzElfEqU-5ctqkx-JJ-0AWSrDYEZnl1tqdiFLhv5AsX89Zuv_Ht0zYqmqMy0OMxhJOC7eciifjlH2GKaXmpml2aIrcou_TKXl_OltoQC1s1T2fwgmB53MbAKaGMJnvX446L-yHA/w200-h200/DALL%C2%B7E%202022-10-18%2014.33.10%20-%20City%20of%20S%C3%A3o%20Paulo,%20favela,%20Miserable%20Family,%20by%20Portinari.png" width="200" /></a></div><p>Do lado da esquerda reformista aparecem os direitos sociais e os serviços públicos universais, enquanto a direita democrática preconiza a privatização e o focalismo. Entre elas, vários grupos intermediários defendendo níveis diferentes de intervencionismo.</p><p>Com o fortalecimento do neoliberalismo de esquerda, as diferenças diminuem e a convergência em torno do capitalismo aumenta. </p><p>Essa bolha monopolizou os discursos públicos (político, científico e cultural) e governou países diversos no início do século XXI, estabelecendo seu momento de aparente prosperidade.</p><p>O desenvolvimento tecnológico, todavia, tornou a bolha obsoleta e incapaz de lidar com questões como o crescimento da miséria e o aumento da desigualdade. </p><p>Suas respostas, sob o véu da democracia, não controlam mais a crueldade do capitalismo.</p><p style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzr0QJG7u7xzOzuIK3gMc5JEbpJJ7jp8NLv5c9AWa5nvGCpzWFPEcgM0b7uIgB6hn0QixL7LdWe0BiUXx39hZqNT2KpHsCo4hZdUPXusY-t9uxRleIpUJPraw4Xmaz6HO8mZKaHQLJUbujNFz0_e5qVu2X5Ffv3v2_SjbBrVaEGMnj9SlkHc1pRYTDhg/s1080/4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzr0QJG7u7xzOzuIK3gMc5JEbpJJ7jp8NLv5c9AWa5nvGCpzWFPEcgM0b7uIgB6hn0QixL7LdWe0BiUXx39hZqNT2KpHsCo4hZdUPXusY-t9uxRleIpUJPraw4Xmaz6HO8mZKaHQLJUbujNFz0_e5qVu2X5Ffv3v2_SjbBrVaEGMnj9SlkHc1pRYTDhg/w200-h200/4.png" width="200" /></a></p><p><br /></p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-79828283256704559652022-10-17T13:23:00.000-03:002022-10-17T13:23:42.417-03:00Eleições virais<p>Embora a palavra "viralizar" tenha ganhado os contornos atuais com as redes sociais, o fenômeno é antigo.</p><p>Podemos considerar "viral" qualquer conteúdo ou comportamento que seja amplamente divulgado e/ou copiado.</p><p>A "viralização" ganha contornos específicos com a disseminação da indústria cultural, convertendo produtos (filmes, séries, músicas) em sucessos num curto período de tempo.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiy6RmXluo54-Wqf14oqIi976Anp0eF0xk9ApH9yOA_5CS5QP9GxBlrzFbc_fz9LDPy_sf1MM6Wep_ftA2_RFZ3UaLe5_OieBxdhXD6TGxxSIXWcd1d-pNytvYd1bjU3BGrHWUaUcVrNNhVMf9W3FsfKdS8bsb0npEDSv4_KpqzAf4bXvNP9qbsa1A5Vw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="2048" data-original-width="2048" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiy6RmXluo54-Wqf14oqIi976Anp0eF0xk9ApH9yOA_5CS5QP9GxBlrzFbc_fz9LDPy_sf1MM6Wep_ftA2_RFZ3UaLe5_OieBxdhXD6TGxxSIXWcd1d-pNytvYd1bjU3BGrHWUaUcVrNNhVMf9W3FsfKdS8bsb0npEDSv4_KpqzAf4bXvNP9qbsa1A5Vw" width="240" /></a></div><br />Sua plenitude, contudo, viria com a internet, a consolidação das empresas digitais em nível global (Google-Youtube, Meta-Facebook, Instagram e WhatsApp), permitindo a disseminação em massa quase instantânea.<p></p><p>No contexto eleitoral, a "viralização" torna-se cada vez mais possível em virtude da digitalização dos partidos políticos e das campanhas.</p><p>Já apareceu, no Brasil, em eleições para Senador, ao menos desde 2016. Essas eleições têm uma peculiaridade: alta porcentagem de eleitores indecisos até a véspera da votação. São relativamente comuns as situações em que o terceiro colocado beneficia-se da "viralização" e termina como o mais votado.</p><p>Tendo-se em vista o equilíbrio entre os candidatos na disputa presidencial de 2022, podemos imaginar que quem "viralizar" na véspera da votação, vencerá.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-48773652912033420312022-10-13T18:05:00.002-03:002023-05-21T19:21:20.512-03:00Os jagunços digitais e a bolha tadicionalista<p> A bolha tradicionalista congrega grupos diversos, como olavistas, denominações neopentecostais, forças militares e de segurança privada, neoliberais autoritários.</p><p>Neste momento, a maior afinidade entre tais grupos decorre da liderança populista de Jair Bolsonaro. Sua figura congrega os seguidores na missão de vencer a eleição e prosseguir governando o país.</p><p>Uma característica comum a parte dos grupos é a visão de que a modernidade é perniciosa, devendo ser rejeitada em bloco (capitalismo, Estado, ciência, escola, vacinação...).</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiy2h2l3v3fYlYubFIc9CWjqa34WrxK3EaE4Yi6mTLthLDN-z7DaeR9-gV81W-LsDDqtsVFpAtGxGbu6IQ4xg4Ol8HirTuHBIUVqOjo3P9ARg82BAFLKFHeKweRSX40-NilsuMmNbjxLQUPAvrD2qmw0Ws4KeYClCnAXPKaWpr3JCqetLdFC_2QaCleEw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiy2h2l3v3fYlYubFIc9CWjqa34WrxK3EaE4Yi6mTLthLDN-z7DaeR9-gV81W-LsDDqtsVFpAtGxGbu6IQ4xg4Ol8HirTuHBIUVqOjo3P9ARg82BAFLKFHeKweRSX40-NilsuMmNbjxLQUPAvrD2qmw0Ws4KeYClCnAXPKaWpr3JCqetLdFC_2QaCleEw" width="240" /></a></div><br />Contraditoriamente, essa bolha que rejeita a modernidade domina com maestria recursos da sociedade contemporânea, como a disseminação de notícias em redes sociais e a articulação de partidos digitais.<p></p><p>Seus soldados mais potentes são personalidades das redes que misturam técnicas de combate dos velhos jagunços ao cálculo matemático e preciso da manipulação de algoritmos.</p><p>Graças a essa combinação, conseguem criar um efeito de congregar seguidores numa potência jamais imaginada nem por cangaceiros como Lampião e Corisco.</p><p>Aliás, comumente oscilam entre o cangaço e o jaguncismo.</p><p><b>Referências e sugestões:</b></p><p>Gabriel Feltran</p><p>https://novosestudos.com.br/formas-elementares-da-vida-politica-sobre-o-movimento-totalitario-no-brasil-2013/#gsc.tab=0</p><p>https://filosofiapop.com.br/podcast/178-sistema-jagunco-com-gabriel-feltran/</p><p>https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2023/03/lula-ainda-nao-despertou-para-a-contrarrevolucao-dos-jaguncos.shtml</p><p><br /></p><p><br /></p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-83270718960395047512022-10-08T18:30:00.000-03:002022-10-08T18:30:05.173-03:00Como se ganha uma eleição - o voto útil<p>Numa sociedade dividida em duas bolhas eleitorais, ganha a eleição quem produzir o melhor discurso em um duplo sentido:</p><p></p><ol style="text-align: left;"><li>Desunir a outra bolha;</li><li>Unir ou, ao menos, não desunir sua própria bolha.</li></ol><p></p><p>Nesse sentido, a estratégia da bolha tradicionalista foi perfeitamente executada em nosso primeiro turno. Conseguiu atingir alvos certeiros e produziu ou amplificou falas internas da bolha progressista contrárias ao voto útil.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjeIeQVdIMRHMYRrHZ9km-XrYoNDSLsdfLpYCXXtGsAuOOVnhby8NxhTHOCA7ARVfjg21X6ZaFY0_RJs9tAJGAEG5G2GiQuCWcLzCASI_w4JQInZ5pc4VkDvJ1Lq_wClm24HyjVmqphtzgxbrQxp56tzCV6ZDuqYr4Y_ZsWKIhT67dSASjCzLpFKETV-w" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="2048" data-original-width="2048" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjeIeQVdIMRHMYRrHZ9km-XrYoNDSLsdfLpYCXXtGsAuOOVnhby8NxhTHOCA7ARVfjg21X6ZaFY0_RJs9tAJGAEG5G2GiQuCWcLzCASI_w4JQInZ5pc4VkDvJ1Lq_wClm24HyjVmqphtzgxbrQxp56tzCV6ZDuqYr4Y_ZsWKIhT67dSASjCzLpFKETV-w=w200-h200" width="200" /></a></div><br />Vejam bem: a bolha tradicionalista poderia ter produzido, inicialmente, um discurso contrário ao voto útil entre seus membros. Não o fez.<p></p><p>Caso o discurso contrário ao voto útil surgisse a partir de pessoas da bolha tradicionalista, geraria uma reação de desconfiança e de seu fortalecimento na bolha progressista. Não funcionaria.</p><p>A partir do momento em que tal discurso foi habilmente implementado na boca de pessoas da bolha progressista, conseguiu dividi-la e inviabilizar a vitória lulista.</p><p>Por outro lado, quanto mais a bolha esquerdista se via dividida nesse quesito, mais seu aparato oficial reforçava o discurso do voto útil, de modo espalhafatoso, sem calibrar os destinatários da comunicação.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEghqkA7jdmCdelFvM3apNuG8pecvYVKaWvao4mp420UKhhzZUuPoFZYRJS1FPzgAvIUuzoBXhQRyLH_XHwrKbt3t_kqn1VTlw3mrumBIAVgayr2DZKtUadxxQRG3foXNbfN6RQ-PYQVSgjvNW9oU3VuIB6kEtU7m9xBP5FUrv6EHBoN_VMdd8wMjLA5Bw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="2048" data-original-width="2048" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEghqkA7jdmCdelFvM3apNuG8pecvYVKaWvao4mp420UKhhzZUuPoFZYRJS1FPzgAvIUuzoBXhQRyLH_XHwrKbt3t_kqn1VTlw3mrumBIAVgayr2DZKtUadxxQRG3foXNbfN6RQ-PYQVSgjvNW9oU3VuIB6kEtU7m9xBP5FUrv6EHBoN_VMdd8wMjLA5Bw" width="150" /></a></div><br />Com isso, contraditoriamente, ao tentar silenciar os críticos internos ao voto útil, a bolha progressista causou uma dupla reação:<p></p><p></p><ol style="text-align: left;"><li>Reforçou a fala de algumas dessas figuras, como Ciro e Simone, ainda que tenha mudado a opinião de outros menos importantes para o processo eleitoral;</li><li>Gerou uma reação em cadeia na bolha tradicionalista, quase em nível privado, não detectada pela mídia da bolha progressista, pelo voto útil em Bolsonaro e seus candidatos.</li></ol><p></p><p>A reação tradicionalista foi pontual e certeira, "viral", levando as eleições ao segundo turno e elegendo vários de seus candidatos.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-22587207772924267972022-10-07T09:26:00.004-03:002022-10-07T09:26:35.470-03:00Orçamento secreto e reeleição<p>Reportagem do jornal O Globo (06/10/22) revela que, dos 13 deputados que mais receberam fatias do orçamento secreto, 12 foram reeleitos. Isso resulta em uma porcentagem de 92% de reeleição.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm4SNXdDuiIN4UGCUnfzExm2J3N1_KPgy5fKiW3LjkKhL2zpkI7qSeXBeFdsdBedwHcGz6gQo8b4bLUaiBQoaRPqpFv__KhNKZHEoXycITgobL6aqPcrrc8qQjeC2Eclofqpq1f20pOqSM_53XWyitu7_ixNPSJx3N4jtoEVnVq9r0uBbQpunJ9s_1Wg/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm4SNXdDuiIN4UGCUnfzExm2J3N1_KPgy5fKiW3LjkKhL2zpkI7qSeXBeFdsdBedwHcGz6gQo8b4bLUaiBQoaRPqpFv__KhNKZHEoXycITgobL6aqPcrrc8qQjeC2Eclofqpq1f20pOqSM_53XWyitu7_ixNPSJx3N4jtoEVnVq9r0uBbQpunJ9s_1Wg/w200-h200/1.png" width="200" /></a></div><br /><p>Analisando-se os números da Câmara dos Deputados, 81% dos atuais deputados buscaram a reeleição. O índice normal de sucesso foi de 70%. Em outras palavras, de cada 10 deputados que tentaram a reeleição, 7 conseguiram.</p><p>Nesse sentido, as salgadas fatias do orçamento secreto ampliaram em 20% as probabilidades de reeleição, desequilibrando o processo democrático. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf_GRZmPBG0z_ih04u5cHkJvISPTWJO1sCT_LKriVkODHIZgUVKEwX7mwID5TrRBZPC3fqIfNOHbyPNyPtF1o8TBM8WpIkoNzUnmVGmsEU3fO6Oykgc9keNEdH0C71hThQ1yEnup1tHuqKEP-FJQU-Bxm3MVmq6zbEnuy4wErR5RL-cMUOPgphfznRTg/s1080/3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf_GRZmPBG0z_ih04u5cHkJvISPTWJO1sCT_LKriVkODHIZgUVKEwX7mwID5TrRBZPC3fqIfNOHbyPNyPtF1o8TBM8WpIkoNzUnmVGmsEU3fO6Oykgc9keNEdH0C71hThQ1yEnup1tHuqKEP-FJQU-Bxm3MVmq6zbEnuy4wErR5RL-cMUOPgphfznRTg/s320/3.png" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-1663821667197491132022-10-06T09:19:00.001-03:002022-10-07T09:27:26.773-03:00Os mitos e suas bolhas eleitorais<p>Cada uma das bolhas em que se divide a sociedade brasileira hoje, sobretudo do ponto de vista eleitoral, é marcada por contradições internas insanáveis.</p><p>A bolha progressista, que congrega os grupos que acreditam no capitalismo liberal (esquerda, centro democrático, direita liberal) é marcada, dentre outras, por uma grande contradição: o papel do Estado na economia.</p><p>Já a bolha tradicionalista, que congrega grupos que não valorizam o capitalismo liberal (direita autoritária, centro neoliberal, cristãos conservadores), é dividida, dentre outras, pelo papel da religião na política de Estado.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghUifGcCNFWnDm6aBGzPiMiCs1haLFp-D3f_BTEEJM3OuP7D8nyLc2Xi_DbLK6RzUZwk4h6lwNU_R8lOxbJSpq1Jy8ZaV1d_KSlTunbP6MCJISw5mnkgW4aaVn3HyP4Jnko_0mjNqhD7MXK5Ua_DVckmZiSQSKo-oibGNuAXTe0giBFdspX1eapG4Q_Q/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghUifGcCNFWnDm6aBGzPiMiCs1haLFp-D3f_BTEEJM3OuP7D8nyLc2Xi_DbLK6RzUZwk4h6lwNU_R8lOxbJSpq1Jy8ZaV1d_KSlTunbP6MCJISw5mnkgW4aaVn3HyP4Jnko_0mjNqhD7MXK5Ua_DVckmZiSQSKo-oibGNuAXTe0giBFdspX1eapG4Q_Q/w200-h200/1.png" width="200" /></a></div><br /><p>O líder mítico de uma bolha eleitoral deve cumprir o papel de unificar seus membros, tornando as divisões internas invisíveis ou menos relevantes.</p><p>Olhando para o cenário brasileiro de agora, o "mito" Bolsonaro parece mais fortalecido para cumprir esse papel do que o "mito" Lula.</p><p>Quando observamos os apoios dos candidatos derrotados, é notória a quantidade de "ressalvas" ou "condições" formuladas pelos novos apoiadores de Lula em relação aos novos apoiadores de Bolsonaro, que aderem quase incondicionalmente a ele.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-35050909722525751292022-10-04T09:17:00.000-03:002022-10-07T09:22:47.386-03:00O erro da estratégia eleitoral progressista<p> Por se tratar de uma eleição que transcorre em sociedade dividida, como acontece em várias partes do globo, é preciso ponderar que, muitas vezes, a melhor estratégia pode não ser a mais óbvia.</p><p>Nitidamente, a bolha progressista (esquerda, centro esquerda, direita liberal) buscou a estratégia mais óbvia: unir-se em torno de um candidato para a vitória já no primeiro turno.</p><p>Melhor estratégia, todavia, usou a bolha tradicionalista (direita autoritária, centro neoliberal, cristãos conservadores): priorizou causar a divisão na outra bolha, elegendo alvos certeiros.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAqpbmuWDKM2mMcI3uLTZ7VHhG7PK7L6nIiWKk2Gp0JqFj-XkIVNytzQY7hT17fibJbv52XOAxYcikz598wGSvEIExSSOV4EkTlmkp_4UpTlt7dKDAQu6G6i54rXjpnhLJdVlBJ5rfT8aksNwiSEYWF1iXZt1G2ui8YPjkFAuyc0LsTppjRM77DjmCzw/s1080/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAqpbmuWDKM2mMcI3uLTZ7VHhG7PK7L6nIiWKk2Gp0JqFj-XkIVNytzQY7hT17fibJbv52XOAxYcikz598wGSvEIExSSOV4EkTlmkp_4UpTlt7dKDAQu6G6i54rXjpnhLJdVlBJ5rfT8aksNwiSEYWF1iXZt1G2ui8YPjkFAuyc0LsTppjRM77DjmCzw/w200-h200/1.png" width="200" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p>Tendo-se em vista a competência esmagadoramente maior da bolha tradicionalista em utilizar recursos digitais, sua estratégia impediu o sucesso progressista.</p><p>Os alvos certeiros começaram a se manifestar, de dentro da bolha progressista, contrariamente à unificação pela vitória no primeiro turno.</p><p>Por outro lado, toda a campanha voltada para si da bolha progressista gerou uma reação unificadora na outra bolha, a tradicionalista.</p><p>Ou a bolha progressista prioriza gerar divisões na bolha tradicionalista ou perderá as eleições presidenciais.</p>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2054272457532159067.post-31228953750331959712022-10-03T08:41:00.000-03:002022-10-07T09:22:26.646-03:00As duas bolhas e os Institutos de Pesquisa Eleitoral<div>São dois universos que se dividem e se excluem reciprocamente. Por falta de melhor nome, chamemos o primeiro de <span style="color: red;">Capitalismo Progressista</span> e o segundo de <span style="color: #2b00fe;">Tradicionalismo Autoritário</span>.</div><div><br /></div><div>O <span style="color: red;">Capitalismo Progressista</span> é composto pela esquerda reformista, pela direita democrática e por todos aqueles que acreditam no liberalismo político.</div><div><br /></div><div>O <span style="color: #2b00fe;">Tradicionalismo Autoritário</span> é composto pela direita extremista, flertando com o fascismo e o nazismo, pelo religioso radicalizado e todos aqueles que buscam um retorno social e cultural ao passado pré-capitalista.</div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi91Lc5K7_VQhP9PlMD546iu8XCgEsiIz9gO9gNYe95pacce6H2yJ2OQjJZYEwz6_JzMIB295-UOvwl3KNyR0B6yGgcffcSZoNwxHziHjerTQHeyldjmxg0BBX4LOr-EFmqUNgGb-daFdD29xneRVbQmaPsexS4_JG4F8-hGVlrREfSgCWLiub_JBG2oA/s1080/1b.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi91Lc5K7_VQhP9PlMD546iu8XCgEsiIz9gO9gNYe95pacce6H2yJ2OQjJZYEwz6_JzMIB295-UOvwl3KNyR0B6yGgcffcSZoNwxHziHjerTQHeyldjmxg0BBX4LOr-EFmqUNgGb-daFdD29xneRVbQmaPsexS4_JG4F8-hGVlrREfSgCWLiub_JBG2oA/w200-h200/1b.png" width="200" /></a></div><br /><div><br /></div><div><div>Esses universos fecham-se em bolhas cada vez mais autossuficientes, retroalimentando um círculo comunicacional e ideológico.</div><div><br /></div><div>Quem vive dentro de um desses universos, além de não entender o outro, tem grande dificuldade até mesmo para enxergá-lo.</div><div><br /></div><div>Um exemplo disso é a dificuldade de institutos de pesquisa eleitoral de medir o resultado dos pleitos. Essa dificuldade apareceu em eleições norteamericanas e nas eleições brasileiras de 2022. Institutos situados na bolha Capitalista Progressista não detectaram a bolha Tradicional Autoritária.</div></div>Adriano Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/14639552904019280083noreply@blogger.com0