TEORIA DA HISTÓRIA E HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA: DEBATES EPISTEMOLÓGICOS, TEMPORALIDADES E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS

Por Erik Chiconelli Gomes

1 INTRODUÇÃO

A Teoria da História e a História da Historiografia constituem campos de investigação fundamentais para a compreensão crítica das formas como o conhecimento sobre o passado é produzido, legitimado e disputado nas sociedades contemporâneas. Longe de representarem exercícios meramente especulativos ou abstratos, essas reflexões incidem diretamente sobre as práticas dos historiadores, interrogando os pressupostos epistemológicos, metodológicos e políticos que orientam a escrita da história. Conforme argumenta Certeau (1982), a operação historiográfica articula necessariamente um lugar social, práticas científicas e uma escritura, de modo que a reflexão teórica não pode ser dissociada das condições concretas em que o conhecimento histórico é elaborado.

O presente artigo propõe uma análise integrada dos principais debates que atravessam a Teoria da História e a História da Historiografia na contemporaneidade, articulando dez eixos temáticos fundamentais: as relações entre historiografias antigas e modernas; a história da historiografia no Brasil; a memória e os usos políticos do passado; as filosofias da história e o historicismo no século XIX; o estruturalismo e o pós-estruturalismo na perspectiva do conhecimento histórico; a teoria da história e o narrativismo; a teoria da história e a história conceitual; as teorias dos tempos históricos; o ofício do historiador no século XXI; e as questões contemporâneas da teoria da história e da história da historiografia. A opção por uma abordagem integradora justifica-se pela compreensão de que esses temas não constituem compartimentos estanques, mas dimensões interconectadas de um campo de reflexão em permanente transformação.

A estrutura do artigo organiza-se em cinco blocos temáticos que permitem articular os dez eixos de forma orgânica. O primeiro bloco examina os fundamentos históricos e filosóficos do conhecimento histórico, abrangendo as transformações entre historiografias antigas e modernas e as contribuições das filosofias da história e do historicismo oitocentista. O segundo bloco analisa as transformações epistemológicas que marcaram a teoria da história no século XX, incluindo os impactos do estruturalismo e do pós-estruturalismo, os debates sobre narrativismo e as contribuições da história conceitual. O terceiro bloco dedica-se às questões da temporalidade, examinando as teorias dos tempos históricos e as relações entre memória e usos políticos do passado. O quarto bloco aborda as especificidades da história da historiografia no Brasil. O quinto bloco, finalmente, examina o ofício do historiador no século XXI e as questões contemporâneas que desafiam a teoria da história e a história da historiografia.

A reflexão que se desenvolve ao longo do artigo orienta-se por uma tese central: os desafios contemporâneos enfrentados pela historiografia — do presentismo diagnosticado por Hartog (2013) ao negacionismo histórico analisado por Ávila (2021), das interpelações feministas e decoloniais examinadas por Oliveira (2018) e Scott (2024) à crise climática que exige reconfigurar as escalas temporais conforme argumenta Chakrabarty (2025) — não podem ser adequadamente enfrentados sem uma reflexão teórica consistente sobre os fundamentos do conhecimento histórico. A teoria da história constitui, nesse sentido, não um luxo acadêmico ou uma especialização entre outras, mas uma dimensão constitutiva do ofício do historiador em qualquer contexto.

2 FUNDAMENTOS: DAS HISTORIOGRAFIAS ANTIGAS ÀS FILOSOFIAS DA HISTÓRIA MODERNAS

2.1 Historiografias antigas e modernas: continuidades e rupturas

O estudo comparativo das historiografias antigas e modernas constitui ponto de partida fundamental para a reflexão sobre os fundamentos do conhecimento histórico. Conforme demonstram Menoncello et al. (2024), essa investigação não deve ser tratada como mero exercício de erudição, mas como análise que ilumina problemas epistemológicos e metodológicos relevantes para a prática historiográfica contemporânea. A comparação entre diferentes tradições historiográficas revela tanto continuidades quanto rupturas fundamentais na concepção do que significa produzir conhecimento sobre o passado.

Na tradição antiga, a historiografia emerge como forma de conhecimento articulada em torno de noções como testemunho, verdade e utilidade cívica. Hartog (2013) demonstra que os antigos operavam predominantemente em um regime de historicidade marcado pela exemplaridade do passado — a célebre historia magistra vitae —, no qual o pretérito oferecia modelos e lições para a conduta presente. A modernidade, em contraposição, inaugura um regime caracterizado pela abertura ao futuro e pela consciência da novidade histórica. Essa transformação não se reduz a uma mudança de perspectiva, mas expressa uma reconfiguração profunda da experiência temporal das sociedades ocidentais.

Koselleck (2006) oferece instrumental analítico fundamental para compreender essa ruptura ao propor as categorias de espaço de experiência e horizonte de expectativa. Na modernidade, essas duas dimensões tendem a se afastar progressivamente: o passado deixa de fornecer orientação segura para o presente, enquanto o futuro se abre como horizonte de possibilidades inéditas. Essa transformação semântica dos tempos históricos alterou profundamente não apenas a compreensão do passado, mas também os procedimentos de sua investigação. A história deixa de ser coleção de exemplos para tornar-se processo singular e irreversível — o que Koselleck et al. (2013) denominam a emergência da História como coletivo singular.

A questão da objetividade constitui outro eixo central na distinção entre historiografias antigas e modernas. Daston (2017) examina como a própria noção de objetividade possui uma história específica que pode ser rastreada. As historiografias antigas operavam com outros parâmetros de verdade e verificação, frequentemente articulados em torno da autoridade do testemunho e da verossimilhança retórica. A emergência de critérios modernos de objetividade científica transformou as formas de validação do conhecimento histórico, ainda que, como demonstra a autora, essa transformação não tenha sido linear nem isenta de tensões.

A dimensão narrativa diferencia igualmente as práticas historiográficas antigas das modernas. White (1995) argumenta que toda historiografia envolve escolhas narrativas que configuram o sentido dos acontecimentos. Enquanto os historiadores antigos cultivavam abertamente a dimensão retórica e literária de seus textos, a historiografia científica moderna tendeu a ocultar seus procedimentos narrativos em nome de uma pretensa neutralidade descritiva. Esse ocultamento, contudo, não elimina a dimensão narrativa, mas apenas a torna menos visível — questão que será retomada nos debates sobre narrativismo examinados adiante.

2.2 Filosofias da história e historicismo no século XIX

O século XIX constitui período decisivo para a constituição da história como disciplina autônoma e para a elaboração de filosofias da história que buscavam apreender o sentido do processo histórico. White (1995) examina a imaginação histórica desse período, demonstrando como diferentes configurações narrativas e tropos retóricos estruturavam as obras dos principais historiadores e filósofos da história. A Meta-história proposta por White revela as estruturas profundas que organizavam a produção historiográfica oitocentista, articulando dimensões epistemológicas, estéticas e ideológicas em configurações específicas.

O historicismo representa uma das correntes mais influentes do pensamento histórico do século XIX. Caracterizado pela afirmação da singularidade irredutível dos fenômenos históricos, o historicismo recusa leis gerais que pretendam explicar o desenvolvimento da humanidade, enfatizando a necessidade de compreender cada época em seus próprios termos. Koselleck (2006) demonstra como essa perspectiva se articula com transformações mais amplas nas categorias de experiência e expectativa. A consciência historicista expressa uma nova relação com o tempo, marcada pelo reconhecimento da historicidade radical de todas as formas culturais e sociais.

A tensão entre historicidade e objetividade atravessa as filosofias da história oitocentistas. Se todos os fenômenos humanos são históricos, como é possível um conhecimento objetivo e válido? O historicismo tentou resolver essa tensão afirmando a possibilidade de uma compreensão empática e contextualizada que, embora renunciasse a leis gerais, preservasse pretensões de verdade. Spiegel (2018) examina os limites do empirismo que caracterizava muitas dessas abordagens, demonstrando como a pretensão de acesso direto aos fatos históricos repousa sobre pressupostos filosóficos não examinados.

A relação entre passado e futuro constitui problema central nas filosofias da história do século XIX. Arendt (1992) analisa a condição humana entre essas duas dimensões, demonstrando como a modernidade rompeu com as formas tradicionais de autoridade e transmissão. As filosofias da história de autores como Hegel e Marx expressavam, de modos diversos, a crença no sentido progressivo da história — crença que seria posteriormente problematizada pelas catástrofes do século XX e pelos debates contemporâneos sobre presentismo e crise do futuro.

A operação historiográfica, tal como analisada por Certeau (1982), adquiriu contornos específicos no contexto do século XIX. A profissionalização da história, a constituição de arquivos e a elaboração de métodos de crítica documental configuraram um campo disciplinar dotado de regras próprias. Essa institucionalização representou tanto uma conquista epistemológica quanto uma limitação, na medida em que excluiu outras formas de relação com o passado e estabeleceu hierarquias entre produtores legítimos e ilegítimos do conhecimento histórico — hierarquias que seriam posteriormente questionadas pelas interpelações feministas e decoloniais.

3 TRANSFORMAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS: DO ESTRUTURALISMO AO NARRATIVISMO E À HISTÓRIA CONCEITUAL

3.1 Estruturalismo e pós-estruturalismo na perspectiva do conhecimento histórico

O estruturalismo e o pós-estruturalismo constituíram correntes teóricas de profundo impacto sobre o conhecimento histórico, reconfigurando pressupostos epistemológicos e metodológicos estabelecidos. Foucault (2000), em As palavras e as coisas, examina a arqueologia das ciências humanas, demonstrando como os saberes modernos se constituíram a partir de configurações epistêmicas específicas — as épistémès — que delimitavam o campo do pensável em cada época. A análise foucaultiana revela descontinuidades radicais entre diferentes configurações do saber, problematizando narrativas de progresso contínuo do conhecimento.

A virada linguística, intimamente vinculada aos desenvolvimentos estruturalistas e pós-estruturalistas, representou momento decisivo para a teoria da história. Spiegel (2005) examina as novas direções da escrita histórica após essa virada, demonstrando como a atenção à linguagem e ao discurso transformou as práticas historiográficas. A história deixava de ser concebida como acesso transparente ao passado para ser compreendida como construção discursiva mediada por convenções narrativas. Essa perspectiva problematizava as pretensões de objetividade da historiografia tradicional, abrindo espaço para reflexões sobre a dimensão retórica e performativa da escrita da história.

Cezar (2015) examina a recepção dessas transformações no contexto brasileiro, analisando o que denomina "Hamlet brasileiro" — expressão que captura as hesitações e ambivalências com que a comunidade historiográfica local recebeu os desafios teóricos provenientes do estruturalismo e do pós-estruturalismo no período de 1970 a 1980. A tensão entre a adoção de novas perspectivas teóricas e a preservação de compromissos com a pesquisa empírica marcou esse período de transformações, configurando um debate que permanece relevante para a historiografia brasileira contemporânea.

Spiegel (2007) examina como as mudanças acontecem na historiografia, demonstrando que as transformações no campo não resultam apenas de desenvolvimentos teóricos internos, mas articulam-se com mudanças sociais, políticas e culturais mais amplas. O estruturalismo e o pós-estruturalismo expressavam transformações profundas nas sociedades ocidentais do pós-guerra, marcadas pela crise das grandes narrativas e pela fragmentação das identidades coletivas. A crítica às pretensões totalizantes da razão moderna encontrava expressão nas novas formas de pensar a história e sua escrita.

A produção de presença, tal como proposta por Gumbrecht (2010), representa tentativa de ir além das dicotomias estabelecidas nos debates entre estruturalismo, pós-estruturalismo e seus críticos. A atenção ao que o sentido não consegue transmitir abre espaço para dimensões da experiência histórica que escapam à representação conceitual e discursiva. Essa perspectiva não recusa as contribuições da virada linguística, mas busca complementá-las com uma atenção renovada às dimensões materiais, corporais e afetivas da existência histórica.

3.2 Teoria da história e narrativismo

O narrativismo constitui uma das correntes mais influentes e debatidas da teoria da história contemporânea. White (1995) oferece contribuição seminal ao examinar a imaginação histórica do século XIX, demonstrando como as grandes obras historiográficas se estruturam a partir de configurações narrativas específicas. A Meta-história propõe uma análise dos tropos retóricos — metáfora, metonímia, sinédoque, ironia — que organizam os textos historiográficos, revelando que a narrativa não é mero ornamento, mas elemento constitutivo do conhecimento histórico.

Ricoeur (2007), em sua reflexão sobre memória, história e esquecimento, examina as complexas articulações entre a operação historiográfica e as formas narrativas. Para o filósofo francês, a narrativa constitui estrutura fundamental de configuração temporal que permite compreender a experiência humana em sua dimensão propriamente histórica. A mise en intrigue — a operação de configuração narrativa — articula eventos dispersos em totalidades significativas, conferindo sentido à sucessão temporal. Essa perspectiva permite conciliar os insights narrativistas com a defesa de critérios de validação do conhecimento histórico.

Ohara (2021) examina a passagem da explicação à narrativa na teoria e filosofia da história no mundo anglo-saxônico. Essa transição expressa a crise dos modelos nomológicos de explicação histórica, derivados da filosofia da ciência, e a emergência de perspectivas que enfatizam a especificidade do conhecimento histórico. O narrativismo afirma que compreender um acontecimento histórico significa inseri-lo em uma narrativa que lhe confere sentido, não subsumi-lo a uma lei geral. Essa reorientação tem implicações profundas para a concepção do ofício do historiador e de sua relação com outras formas de conhecimento.

A questão da verdade na narrativa histórica permanece como desafio central. Salomon (2011) organiza reflexões sobre história, verdade e tempo, examinando como as pretensões de verdade da historiografia se articulam com as formas narrativas. O reconhecimento da dimensão narrativa não implica necessariamente o abandono de critérios de verdade, mas sua reconfiguração: a verdade histórica aparece não como correspondência simples entre representação e realidade, mas como adequação da narrativa aos vestígios do passado e aos protocolos de validação da comunidade historiográfica.


3.3 Teoria da história e história conceitual

A história conceitual (Begriffsgeschichte) constitui contribuição fundamental da teoria da história alemã para a compreensão das transformações históricas e suas expressões linguísticas. Koselleck (2006) desenvolveu essa perspectiva ao examinar a semântica dos tempos históricos, demonstrando como conceitos políticos e sociais fundamentais sofreram transformações decisivas na passagem para a modernidade. Os conceitos não são meros reflexos da realidade, mas estruturas que organizam a experiência histórica e configuram os horizontes de expectativa das sociedades.

O próprio conceito de história constitui objeto privilegiado dessa investigação. Koselleck et al. (2013) examinam a emergência da noção moderna de História como coletivo singular, demonstrando como essa transformação conceitual expressa uma nova experiência temporal. A convergência de múltiplas histórias particulares em uma única História universal reflete a consciência moderna da historicidade e a crença na possibilidade de apreender o sentido do processo histórico em sua totalidade. A história conceitual revela assim as condições de possibilidade do próprio pensamento histórico moderno.

A estratificação dos tempos históricos articula a história conceitual com uma teoria da temporalidade. Koselleck (2014) propõe a noção de estratos do tempo para analisar as múltiplas temporalidades que coexistem em qualquer momento histórico. Os conceitos funcionam como indicadores e fatores dessas diferentes temporalidades, expressando experiências sedimentadas e projetando expectativas sobre o futuro. Essa perspectiva permite superar concepções lineares e homogêneas do tempo, reconhecendo a complexidade e a heterogeneidade das experiências temporais.

A política do tempo articula-se com a história dos conceitos de formas complexas. Mudrovcic (2019) examina as relações entre política do tempo e política da história, demonstrando como a definição dos contemporâneos envolve operações conceituais com efeitos políticos. Os vocabulários políticos delimitam o campo dos sujeitos legítimos da história e definem as possibilidades de ação em cada contexto. Os conceitos funcionam, assim, como instrumentos de inclusão e exclusão política, e sua análise histórica revela as condições de possibilidade das disputas do presente.

4 TEMPORALIDADES: TEMPOS HISTÓRICOS, MEMÓRIA E USOS POLÍTICOS DO PASSADO

4.1 Teorias dos tempos históricos

As teorias dos tempos históricos constituem campo fundamental da reflexão teórica, investigando as múltiplas formas como as sociedades experimentam e representam a temporalidade. Koselleck (2006) oferece contribuição seminal ao examinar a semântica dos tempos históricos por meio das categorias de espaço de experiência e horizonte de expectativa. A modernidade se distingue pelo progressivo afastamento entre essas duas dimensões: o passado deixa de fornecer orientação segura, enquanto o futuro se abre como horizonte de possibilidades radicalmente novas.

A noção de regimes de historicidade desenvolvida por Hartog (2013) oferece instrumental analítico para compreender diferentes configurações temporais ao longo da história. Um regime de historicidade expressa a articulação específica entre passado, presente e futuro que caracteriza uma época, definindo como os sujeitos se situam no tempo e conferem sentido à sua experiência. O presentismo, identificado como regime dominante na contemporaneidade, caracteriza-se pela hipertrofia do presente em detrimento tanto do passado quanto do futuro, reconfigurando as condições de possibilidade do conhecimento histórico.

A reflexão sobre chronos proposta por Hartog (2025) amplia a investigação sobre os tempos históricos, examinando como o Ocidente foi confrontado ao tempo ao longo de sua história. Essa perspectiva de longa duração permite identificar diferentes configurações nas relações entre temporalidade e experiência humana, desde as concepções antigas até as experiências contemporâneas de aceleração e presentificação. A análise do chronos articula história, filosofia e antropologia na investigação das formas de viver e pensar o tempo.

A heterogeneidade dos tempos históricos é examinada por Salomon (2018), que organiza estudos sobre heterocronias. Essa perspectiva enfatiza a multiplicidade irredutível das temporalidades que coexistem em qualquer momento histórico, problematizando narrativas que pressupõem um tempo único e homogêneo. As heterocronias revelam tensões e contradições entre diferentes tempos sociais, culturais e subjetivos, ampliando a compreensão das experiências temporais para além dos modelos lineares que dominaram a historiografia moderna.

O atualismo, analisado por Araújo e Pereira (2019), constitui categoria relevante para compreender uma forma específica de relação com o tempo caracterizada pela subordinação do passado às demandas do presente. A crítica ao atualismo não implica a defesa de uma objetividade impossível, mas a atenção às distâncias temporais e conceituais que separam o presente do passado. O desafio consiste em reconhecer a inevitável mediação do presente na compreensão do passado sem cair no presentismo ou na instrumentalização anacrônica da história.

4.2 Memória e usos políticos do passado

A relação entre memória e usos políticos do passado constitui uma das problemáticas centrais da teoria da história contemporânea. Ricoeur (2007) oferece contribuição fundamental ao examinar as articulações entre memória, história e esquecimento. A memória, longe de ser mero repositório passivo do passado, apresenta-se como trabalho ativo de seleção, organização e atribuição de sentido às experiências vividas. As tensões entre memória e história — entre a identificação afetiva com o passado e o distanciamento crítico — atravessam os debates contemporâneos sobre as formas de representação do pretérito.

A memória cultural, tal como analisada por Assmann (2011), constitui-se como sistema complexo de formas e transformações que moldam a identidade coletiva dos grupos sociais. Os espaços da recordação não se limitam aos lugares físicos, mas abrangem práticas, rituais, textos e imagens que funcionam como suportes e veículos da transmissão memorial. Essa perspectiva ampliada permite compreender como as sociedades constroem seus quadros de memória e como esses quadros são objeto de disputas e renegociações permanentes, articulando dimensões individuais e coletivas da experiência temporal.

Os usos políticos do passado configuram campo de investigação que atravessa fronteiras disciplinares. Traverso (2015) examina como o passado é mobilizado como arma política em contextos diversos, desde as disputas memoriais em torno de eventos traumáticos até a instrumentalização da história para fins de legitimação de regimes e projetos políticos. Essa análise revela que a história nunca é neutra ou desinteressada, mas está sempre implicada em lutas pelo poder de definir o sentido do passado e, consequentemente, as possibilidades do presente e do futuro.

A questão da memória e do ressentimento constitui outro eixo fundamental dessa problemática. Bresciani e Naxara (2004) coordenam investigação sobre essa questão sensível, examinando como as feridas do passado persistem no presente e como as sociedades lidam com traumas coletivos e demandas de justiça histórica. O ressentimento aparece não apenas como afeto individual, mas como fenômeno social que molda as relações entre grupos e as disputas políticas em torno da memória. A análise dessa dimensão afetiva da relação com o passado complementa as abordagens mais centradas em aspectos cognitivos e discursivos.

A fantasia da história, examinada por Scott (2024), oferece perspectiva crítica sobre os modos como o passado é imaginado e desejado pelas coletividades. A história feminista, em particular, tem desenvolvido reflexões importantes sobre as relações entre memória, identidade e política, problematizando narrativas hegemônicas e reivindicando o reconhecimento de experiências historicamente silenciadas. Essas intervenções demonstram que os usos políticos do passado não são monopólio dos grupos dominantes, mas constituem também recursos para as lutas emancipatórias.

5 HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA NO BRASIL: TRAJETÓRIAS E ESPECIFICIDADES

A história da historiografia no Brasil constitui campo de investigação fundamental para a compreensão das formas como o passado nacional foi concebido, representado e disputado. Guimarães (2011) oferece análise seminal ao examinar a relação entre historiografia e construção da nação no período de 1838 a 1857. O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro desempenhou papel central na elaboração de uma narrativa histórica que legitimasse o Estado imperial e forjasse uma identidade nacional, estabelecendo parâmetros que marcariam profundamente a produção histórica brasileira nas décadas seguintes.

O processo de profissionalização da historiografia brasileira constitui capítulo decisivo dessa história. Geminiano (2020) examina a invenção da historiografia brasileira profissional, analisando as transformações institucionais, metodológicas e epistemológicas que marcaram a passagem de uma produção predominantemente amadora e vinculada aos institutos históricos para uma prática acadêmica ancorada nas universidades. Essa profissionalização implicou não apenas a criação de cursos de graduação e pós-graduação, mas também a incorporação de novos referenciais teóricos provenientes das ciências sociais e da historiografia internacional.

Os ensaios de historiografia reunidos por Guimarães e organizados por Cezar (2022) oferecem panorama abrangente das questões que atravessam a história da historiografia no Brasil. A obra de Manoel Salgado Guimarães representa contribuição fundamental para esse campo, articulando a análise dos textos historiográficos com a investigação das condições de sua produção e recepção. A atenção às dimensões institucionais, políticas e culturais da historiografia permite superar leituras internalistas que reduzem a história da historiografia à mera sucessão de ideias e métodos.

Cezar (2018) interroga o que fabrica o historiador quando faz história no contexto brasileiro, examinando as crenças e pressupostos que orientam a prática historiográfica desde o século XIX até o presente. Essa perspectiva permite compreender a historiografia não apenas como conjunto de textos e métodos, mas como prática social situada em contextos específicos e atravessada por relações de poder. A reflexão sobre o fazer historiográfico brasileiro revela continuidades e rupturas, diálogos internacionais e elaborações locais que configuram um campo em permanente transformação.

As interpelações feministas e decoloniais à história da historiografia representam contribuição recente e fundamental. Oliveira (2018) examina os sons do silêncio, analisando como essas perspectivas problematizam os cânones estabelecidos e revelam ausências e exclusões constitutivas da produção historiográfica nacional. A crítica não se limita a denunciar a sub-representação de mulheres e outros grupos subalternizados, mas interroga os próprios pressupostos epistemológicos que orientaram a construção do conhecimento histórico no Brasil, abrindo caminhos para uma historiografia mais plural e reflexiva.

A questão dos públicos da historiografia adquire relevância crescente no debate brasileiro contemporâneo. Nicolazzi (2019) examina os historiadores e seus públicos, analisando os regimes historiográficos, a recepção da história e a história pública. Essa reflexão permite compreender as transformações nas formas de produção, circulação e consumo do conhecimento histórico, bem como os desafios que se colocam para os historiadores diante da multiplicação dos canais de comunicação e da emergência de novas demandas sociais por história.

6 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: O OFÍCIO DO HISTORIADOR E AS QUESTÕES DO PRESENTE

6.1 O ofício do historiador no século XXI

O ofício do historiador no século XXI enfrenta transformações profundas que reconfiguram as condições de produção, legitimação e circulação do conhecimento histórico. Cezar (2018) interroga o que fabrica o historiador quando faz história, examinando as crenças e pressupostos que orientam a prática historiográfica contemporânea. Essa reflexão revela que o ofício não pode ser compreendido apenas em termos de métodos e técnicas, mas envolve disposições, valores e compromissos que se transformam historicamente e que são objeto de disputas permanentes.

A história (in)disciplinada constitui tema relevante para a compreensão dos desafios atuais. Ávila, Nicolazzi e Turin (2019) examinam teoria, ensino e difusão do conhecimento histórico, problematizando as fronteiras disciplinares e as formas de legitimação do saber historiográfico. Os desafios contemporâneos incluem tanto a contestação externa das autoridades epistêmicas quanto a necessidade de renovação das práticas de pesquisa e ensino em um contexto de transformações tecnológicas e sociais aceleradas. A disciplina histórica é convocada a repensar suas fronteiras e seus modos de atuação.

As condições de trabalho dos historiadores no Brasil contemporâneo integram necessariamente a reflexão sobre o ofício. Silveira (2020) examina a figura do historiador com CNPJ, analisando as relações entre depressão, mercado de trabalho e história pública. Essa investigação revela transformações nas condições de exercício profissional, marcadas pela precarização do trabalho acadêmico, pela escassez de posições estáveis e pela necessidade de diversificação das atividades. O sofrimento psíquico emerge como dimensão relevante dessa experiência, exigindo atenção coletiva e políticas institucionais adequadas.

O negacionismo histórico constitui um dos desafios mais prementes para o ofício do historiador. Ávila (2021) discute as tensões entre negacionismo e pluralismo historiográfico, demonstrando que a defesa da pluralidade de interpretações não implica relativismo ou abandono de critérios de validação. O historiador contemporâneo é convocado a intervir nos debates públicos sobre o passado, defendendo os procedimentos de produção do conhecimento histórico diante de narrativas que os desprezam ou manipulam. Essa intervenção exige não apenas competência técnica, mas também habilidades de comunicação e engajamento público.

As interpelações feministas e decoloniais renovam o ofício do historiador ao problematizar seus pressupostos. Oliveira (2018) examina como essas perspectivas questionam os cânones e revelam ausências constitutivas da produção historiográfica. Scott (2024) oferece reflexão sobre a fantasia da história feminista, demonstrando como as críticas de gênero interrogam não apenas conteúdos, mas os próprios pressupostos epistemológicos da disciplina. A renovação do ofício passa pelo questionamento de seus fundamentos androcêntricos e eurocêntricos, abrindo espaço para vozes e experiências historicamente marginalizadas.

6.2 Questões contemporâneas da teoria da história e da história da historiografia

As questões contemporâneas da teoria da história e da história da historiografia configuram um campo marcado pela multiplicidade de perspectivas e pela emergência de novos desafios. O presentismo, identificado por Hartog (2013) como regime de historicidade dominante, reconfigura as condições de possibilidade do conhecimento histórico, desafiando suas formas tradicionais de legitimação. A hipertrofia do presente em detrimento do passado e do futuro coloca em questão tanto os modos de compreensão do pretérito quanto a capacidade de projetar futuros alternativos.

A crise ambiental e climática constitui questão emergente para a teoria da história. Chakrabarty (2025) examina as relações entre o global e o planetário, demonstrando como a história na era da crise climática exige reconfigurar categorias e métodos. Turin e Lowande (2024) organizam perspectivas historiográficas sobre o Antropoceno, revelando os desafios que a articulação entre tempos históricos e tempos geológicos coloca para a historiografia. A natureza emerge como agente histórico, problematizando as dicotomias tradicionais entre cultura e natureza que fundamentaram a disciplina.

Pereira (2019) examina as relações entre natureza e cultura à prova da história, oferecendo reflexões sobre como repensar essas categorias diante dos desafios contemporâneos. A transversal do tempo proposta pela autora permite articular diferentes temporalidades — humanas e não humanas — em análises que superam os limites das abordagens tradicionais. Essa perspectiva amplia o escopo da teoria da história, incorporando dimensões que permaneceram marginalizadas na constituição disciplinar da historiografia moderna.

A compreensão histórica em suas múltiplas modalidades é examinada por Simon e Deile (2022), que organizam reflexões sobre passado, presente e futuro do entendimento histórico. Os debates teóricos suscitados pelo estruturalismo e pelo pós-estruturalismo continuam a reverberar nas discussões contemporâneas, ainda que frequentemente reconfigurados e combinados com outras perspectivas. Spiegel (2018) examina os limites do empirismo e a utilidade da teoria, argumentando pela necessidade de reflexão permanente sobre os pressupostos do conhecimento histórico.

Os passados plurais que caracterizam a historiografia contemporânea são analisados por Assis (2023), que examina as tensões entre eventos e estruturas. A pluralização dos passados articula-se com a multiplicação dos sujeitos e das perspectivas que reivindicam lugar na historiografia. Hartog (2024) examina as divisões no interior da própria noção de humanidade, demonstrando como as categorias que organizam a experiência histórica são elas próprias históricas e politicamente carregadas. A reflexão sobre o humano e o inumano adquire urgência especial no contexto contemporâneo.

A memória e seus usos políticos continuam como questão central. Ricoeur (2007) oferece reflexão fundamental sobre as articulações entre memória, história e esquecimento. Assmann (2011) examina os espaços da recordação e as transformações da memória cultural. Traverso (2015) analisa os usos do passado como arma política. Essas contribuições permitem compreender como as disputas memoriais configuram o campo de possibilidades da historiografia e desafiam suas pretensões de autonomia. As guerras de memória que atravessam as sociedades contemporâneas exigem dos historiadores posicionamento informado e reflexivo.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O percurso analítico desenvolvido ao longo deste artigo permite identificar algumas linhas de força que atravessam os debates contemporâneos da teoria da história e da história da historiografia. A primeira diz respeito à historicidade do próprio conhecimento histórico: as formas de conceber, produzir e legitimar o saber sobre o passado transformaram-se ao longo do tempo, e a consciência dessa transformação constitui condição para uma prática historiográfica reflexiva e crítica. Das historiografias antigas às filosofias da história oitocentistas, dos impactos do estruturalismo e do pós-estruturalismo aos debates sobre narrativismo e história conceitual, a trajetória da teoria da história revela a impossibilidade de uma posição de exterioridade absoluta em relação ao tempo.

A segunda linha de força refere-se à centralidade da temporalidade para a compreensão do conhecimento histórico. As teorias dos tempos históricos desenvolvidas por Koselleck (2006, 2014) e Hartog (2013, 2025), os estudos sobre heterocronias organizados por Salomon (2018), a análise do atualismo por Araújo e Pereira (2019), demonstram que o tempo não é mera moldura neutra em que os eventos se sucedem, mas dimensão constitutiva da experiência histórica. O presentismo contemporâneo, longe de ser fenômeno passageiro, expressa transformações profundas nas estruturas temporais das sociedades ocidentais que afetam diretamente as condições de possibilidade da historiografia.

A terceira linha de força diz respeito às relações entre conhecimento histórico e política. A memória e seus usos políticos, tal como analisados por Ricoeur (2007), Assmann (2011), Bresciani e Naxara (2004) e Traverso (2015), demonstram que a história está sempre implicada em disputas pelo poder de definir o sentido do passado. As interpelações feministas e decoloniais examinadas por Oliveira (2018) e Scott (2024) revelam como os cânones historiográficos expressam e reproduzem hierarquias de gênero, raça e região. O negacionismo analisado por Ávila (2021) constitui expressão extrema dessa politização, exigindo dos historiadores defesa ativa dos procedimentos de produção do conhecimento histórico.

A quarta linha de força refere-se aos desafios contemporâneos que exigem reconfiguração das categorias e métodos da historiografia. A crise climática analisada por Chakrabarty (2025) e Turin e Lowande (2024), as transformações nas condições de trabalho examinadas por Silveira (2020), a multiplicação dos públicos da história investigada por Nicolazzi (2019), configuram cenário que demanda dos historiadores não apenas competência técnica tradicional, mas também capacidade de diálogo interdisciplinar, engajamento público e reflexão permanente sobre os fundamentos de seu ofício. A teoria da história constitui, nesse contexto, não especialização entre outras, mas dimensão constitutiva da prática historiográfica.

A especificidade da história da historiografia no Brasil, tal como analisada por Guimarães (2011), Geminiano (2020), Cezar (2015, 2018) e Guimarães e Cezar (2022), revela trajetória marcada por diálogos internacionais e elaborações locais, por processos de profissionalização e disputas pela definição dos cânones. A compreensão dessa especificidade constitui condição para uma intervenção informada nos debates contemporâneos, evitando tanto o provincianismo que ignora as contribuições internacionais quanto o colonialismo intelectual que desconhece as elaborações locais.

Em síntese, os debates contemporâneos da teoria da história e da história da historiografia revelam um campo em transformação, desafiado por múltiplas frentes e convocado a repensar seus fundamentos. O ofício do historiador no século XXI, conforme argumentado ao longo deste artigo, não pode prescindir da reflexão teórica: ela constitui não luxo acadêmico, mas necessidade para enfrentar os desafios do presente. A pluralização das perspectivas, a atenção às temporalidades múltiplas, a consciência das implicações políticas do conhecimento histórico e a abertura para os novos desafios ambientais e tecnológicos configuram horizonte de trabalho para uma historiografia crítica e relevante. 

REFERÊNCIAS

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