Bolsonarismo precisa esperar o resultado da apuração para impulsionar potencial alegação de fraude

Por mais que as pesquisas indiquem a liderança de Lula, a apuração amanhã pode não consumar sua vitória. Consideremos três hipóteses:

1. A abstenção maior entre os eleitores lulistas prejudica seu desempenho e possibilita a vitória de Bolsonaro.

Essa abstenção, inclusive, dadas as notícias recentes, pode ser amplificada pelas ameaças de empresários e outros crimes eleitorais não detectados.

2. As amostras dos institutos de pesquisa, dada a falta de novo Censo, estão imprecisas e suas estimativas viciadas.

Nesse caso, Bolsonaro estaria na frente de Lula, considerando-se o erro amostral, vindo a vencer as eleições.


3. Embora Lula esteja na frente das pesquisas, entre hoje e amanhã ocorrem episódios "virais" que convencem eleitores indecisos, brancos e nulos, além de inverter alguns votos.

Novamente, nessa terceira hipótese, Bolsonaro sairia vencedor, apesar do resultado adverso das pesquisas.

Rigorosamente, nenhuma dessas hipóteses pode ser descartada, levando os bolsonaristas e sua bolha tradicionalista a viverem um impasse.

Como Bolsonaro pode vencer as eleições, seria perigoso e sairia pela culatra um impulsionamento imediato, em massa, de teses questionadoras da idoneidade das urnas eletrônicas.

Em outras palavras, esse impulsionamento poderia gerar a desconfiança de que Bolsonaro  e as Forças Armadas manipularam as urnas eletrônicas e programaram internamente ao sistema do TSE sua vitória.


Por outro lado, se não houver qualquer impulsionamento em massa dessa tese de fraude nas urnas eletrônicas, a tese enfraquece, sobretudo no caso da vitória de Lula.

Se os bolsonaristas esperarem a derrota para esse impulsionamento, ele pode soar como "choro de derrotado" e não convencer muita gente.

O mais provável, assim, é que já exista, nesse caso de derrota bolsonarista, um momento definido para a disseminação da tese.

Analisando-se a apuração do primeiro turno e de outras eleições, como 2014, os Estados bolsonaristas e o DF costumam enviar seus resultados ao TSE com maior rapidez. Assim, a tendência é que Bolsonaro comece a apuração com ampla vantagem sobre Lula.

Essa vantagem, dadas as hipóteses citadas, pode diminuir sem que ocorra a "virada" lulista. Mas, claro, dadas as pesquisas eleitorais, no momento final da apuração pode ocorrer a "virada" e Lula, que ficaria atrás quase 90% do tempo, sairia vencedor.

Caso os bolsonaristas percebam, no final da apuração, que a virada está ocorrendo, será o potencial momento em que haverá a disseminação da tese da fraude, mobilizando sua "tropa".

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