O resultado da eleição norteamericana é um alerta

Ao contrário de muitos, discordo que o resultado das eleições norteamericanas de 8/11/22 tenha sido ruim para os Republicanos ou para o Trumpismo em si.

Precisamos considerar que Trump saiu há quase dois anos da Presidência, deixou o centro dos holofotes da bolha progressista encabeçada pelo NY Times e outros órgãos de imprensa, mas continuou tão relevante a ponto de impor uma derrota nas urnas ao partido Democrata e ao atual Presidente, Biden.

Mesmo que haja um empate em 50 Senadores progressistas e 50 Senadores Republicanos, precisamos lembrar que o voto de desempate é do vice-Presidente. Ou seja, quem levar a Presidência leva a maioria da Casa.

Ainda que a representação Republicana na Câmara dos Deputados seja menor do que a esperada, tende a ser majoritária (escrevo antes do término da apuração e há a possibilidade remota de maioria democrata). O controle dessa Casa dará ampla margem de ação se o partido reconquistar a Presidência.


Reputo que Biden faz um governo um pouco acima das expectativas. Implementa projetos sociais, socorre os mais pobres, investe em infraestrutura e tenta promover o crescimento do país. Ou seja, faz tudo como parece que Lula fará por aqui.

Todavia, um governo "correto" não bastou para conter ou eliminar as ameaças antidemocráticas do Trumpismo. Ao contrário, elas seguem fortes e ligeiramente majoritárias na eleição.

Este é o sinal de alerta para cá, relativamente ao Bolsonarismo.

Fica a convicção de que esses fenômenos de massa com ideais de extrema direita decorrem de problemas estruturais que não são solucionáveis nem por governos "corretos".

As mudanças tecnológicas dos últimos anos, levando à consolidação de uma nova ordem baseada nas redes sociais e nos algoritmos, causa um rearranjo no campo das forças sociais que talvez não possa ser contido pelo Estado nacional.

A bolha tradicionalista não existe por uma "falha" do Estado, mas existe independentemente dele. Tentar conter sua existência por meio de políticas públicas talvez seja acreditar na volta de uma sociedade que desapareceu.

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